para o Luxemburgo e para a Irlanda, claro.
Diz o EUROSTAT que o poder de compra dos portugueses está 25% abaixo da média Europeia. Duuuhhh grande novidade. As conclusões desta instituição começam a ter piada. Na verdade esqueceram-se de colocar em nota de rodapé que os portugueses não têm poder de compra - têm sim poder de sobrevivência. Se partirmos do princípio que esta média é feita numa Europa a 27, incluindo quase uma dezena de países que até há bem pouco tempo eram bem mais pobres que Portugal, apetece-me dizer que "tá a correr bem". Neste momento até já Malta, República Checa, Eslovénia e Chipre têm mais poder de compra que nós. Devem ter começado a apertar o cinto na década de 70.
Pergunto: Mas afinal o que falhou no passado? O que está a falhar agora? Andamos há 5 anos com os ordenados congelados e o resultado "parece" ser apenas a diminuição do déficit para dizer a Bruxelas que somos bons meninos e vamos corrigir os erros do passado. Pois é, na verdade, em termos práticos a economia até pode estar a recuperar com as exportações de coisas que desconhecemos mas não entendo como é que os contribuintes vão beneficiar com isso. Até agora não vi nenhuma pista.
Ouvi hoje que os sindicatos e o governo chegaram a um acordo e o ordenado mínimo vai passar para 426Euros? Sim 426Euros. Deve haver países africanos com ordenados minímos mais elevados. É uma vergonha. O que é que se pode fazer com esta quantia? Basta respirar para gastar este dinheiro.
Sócrates. Devo confessar que sempre tive alguma dificuldade em aceitar políticas de direita. Não só porque conheço os contextos históricos que lhes deram origem mas também pelos princípios que defendem. Porém, hoje, no século XXI, onde esquerda e direita andam de mãos dadas, já nada disso é válido. Se um governo socialista aposta numa política baseada, sobretudo, na economia, então deixei de ver diferença entre a esquerda e a direita. Mais ainda quando as estruturas fundamentais das políticas tradicionalmente defendidas pela esquerda estão profundamente abaladas como a saúde, a justiça e a educação (sendo que no caso da justiça a coisa está a correr ainda pior - vamos ter que acordar para esse GRANDE problema) muito menos sentido faz. Votar ps, psd ou cds/pp parece a mesma merda. Todos servem apenas para afundar, ainda mais, o pouco que resta.
Todos fazem o que querem. Basta para isso ter dinheiro. Há crianças à guarda do estado (há que não esquecer este pormenor) violadas por figuras públicas e políticos, que vêm as leis alteradas para os beneficiar e ainda poderem ganhar com isso; há os bancos, que nos roubam todos os dias (ainda hoje se ficou a saber que ficam com o dinheiro das pessoas que morrem), e que fazem as piores falcatruas dentro de portas muitas vezes com a passividade do banco de portugal, que na maior parte dos casos só reage (e muitas vezes mal) quando a comunicação social dá alarme de que algo não está bem. Em boa verdade é outras das instituições que parece estar a precisar de um abanão (não me levem a mal). Às instituições pede-se apenas que funcionem - e que funcionem bem. Não que se limitem a existir.
Tudo isto me leva a perguntar. Para onde vamos? Será que quando chegarmos ao déficit zero os nossos problemas terminam e vamos ter um ordenado mínimo de 1000 euros? O que podemos esperar amanhã? Será que vamos ter aumentos nos ordenados? Ou será que já nem vamos ter emprego?
18.12.07
14.12.07
Presentes de Natal Originais #1
Passio de Matthias Von Fistenberg (DVD)
Talvez não seja uma obra fácil, daquelas que levam ordas aos cinemas e que entram directamente para o top de vendas. Mas Manoel de Oliveira também não é. Mas é sem dúvida um presente original para pessoas que tenham paixão pela arte. "Passio" abre novas perspectivas sobre o cristianismo, na sua relação com o mundo e na forma como influenciou a relação do homem consigo mesmo.
Afirma-se na sinopse da obra: "O aclamado realizador viaja dois mil anos em direcção ao passado para re-inventar o Filho de Deus disseminando o seu amor a toda a humanidade. Seja amarrado a uma cruz ou a causar problemas a Pôncio Pilatos ou mesmo a transformar a Última Ceia numa festa da carne, Ele tem a certeza de ser uma inspiração para legiões." Assente numa estética de depuração cénica, equilibrada pela saturação da fotografia, a obra de Fistenberg eleva a figura de Jesus ao mais elevado plano do divino, não por ser essa a sua natureza intrínseca, mas pela via da dessacralização. O que Fistenberg nos diz é que Cristo torna-se divino por ser absolutamente humano.
Passio é uma obra fundamental para crentes e não-crentes e uma excelente proposta para presente de Natal.
Clique aqui para ver a apresentação do filme.
Talvez não seja uma obra fácil, daquelas que levam ordas aos cinemas e que entram directamente para o top de vendas. Mas Manoel de Oliveira também não é. Mas é sem dúvida um presente original para pessoas que tenham paixão pela arte. "Passio" abre novas perspectivas sobre o cristianismo, na sua relação com o mundo e na forma como influenciou a relação do homem consigo mesmo.
Afirma-se na sinopse da obra: "O aclamado realizador viaja dois mil anos em direcção ao passado para re-inventar o Filho de Deus disseminando o seu amor a toda a humanidade. Seja amarrado a uma cruz ou a causar problemas a Pôncio Pilatos ou mesmo a transformar a Última Ceia numa festa da carne, Ele tem a certeza de ser uma inspiração para legiões." Assente numa estética de depuração cénica, equilibrada pela saturação da fotografia, a obra de Fistenberg eleva a figura de Jesus ao mais elevado plano do divino, não por ser essa a sua natureza intrínseca, mas pela via da dessacralização. O que Fistenberg nos diz é que Cristo torna-se divino por ser absolutamente humano.
Passio é uma obra fundamental para crentes e não-crentes e uma excelente proposta para presente de Natal.
Clique aqui para ver a apresentação do filme.
13.12.07
A Justiça criminosa, Clara Ferreira Alves
Não é costume o sinal de alarme apresentar textos na íntegra. Porém. Este texto não é um texto qualquer.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso.
Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia que se sabe que nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços do enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogues, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muito alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém? As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não substancia.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu?
E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente"importante" estava envolvida, o que aconteceu?
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade. Este é o maior fracasso da democracia portuguesa e contra isto o PS e o PSD que fizeram? Assinaram um iníquo pacto de justiça.
«Expresso» de 20 de Outubro de 2007
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso.
Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia que se sabe que nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços do enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogues, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muito alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém? As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não substancia.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu?
E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente"importante" estava envolvida, o que aconteceu?
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade. Este é o maior fracasso da democracia portuguesa e contra isto o PS e o PSD que fizeram? Assinaram um iníquo pacto de justiça.
«Expresso» de 20 de Outubro de 2007
3.12.07
Grã Bretanha
Pois nem tudo corre bem por terras de Isabel II (Isabelinha para os amigos). Não bastavam os escandalos famíliares, a incompetência da polícia e dos trabalhistas ainda tem que levar com preocupações absolutamente inacreditáveis como o da perda da bases de dados relativa a mais de 25 milhões de pessoas beneficiárias do abono de família do Reino Unido. Supostamente dois discos que continham estas informações foram perdidos entre dois serviços. Se fosse só a data de nascimento, nome e morada - ainda vá. Agora com dados bancários à mistura é que já é pior e os britânicos começam a ficar um bocadinho tristes com a possibilidade de verem a conta bancária desaparecer e de não terem dinheirinho para o peru. Já há quem venda na net dados de cartões de crédito por 1,5€, ou até mesmo jornalistas que conseguem fazer downloads de dados sem pagar nada. Agora a minha questão é: como é que se passeia dois cd`s com dados pessoais assim, sem mais nem menos? Parece que os serviços britânicos não estão a acautelar pormenores importantes. Se calhar temos que mandar para lá o sócrates para ele arrajar uma bolsa de numerários ou supranumerários (como na opus dei, nunca sei o que é ao certo, ainda que desconfie que um destes dias também lá esteja e aí deixarei de ter dúvidas), para enquadrar estes incompetentes que perdem, assim, sem apelo nem agravo os dados pessoais das pessoas. Ou será que estão a precisar que este senhor volte?
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