30.11.07

Amy what?



Há uns tempos atrás, o suplemento Y do Público publicava um texto de página inteira sobre esta jovem. O autor, de que não me lembro o nome, tecia-lhe largos elogios numa espécie de êxtase quase onírico. Chegava ao ponto de justificar, em cada parágrafo, o desinteresse dos portugueses pelo ser como uma prova do seu terceiro mundismo. Obviamente, o autor da prosa, qual iluminado, estava acima da secular ignorância nacional.
A partir dessa altura, comecei a reparar que a jovem, que passei a identificar como a rapariga da cabaça na cabeça, aparecia em tudo o que era notícia cor de rosa. Ou era os problemas conjugais, ou era o consumo de drogas ou outra qualquer treta do género que garantem a fama às Britney Spears desse mundo.
Comecei a pensar que o meu habitual desinteresse pelos "hypes" do momento me estavam a impedir de uma qualquer experiência transcendental. Fui perguntando a amigos e conhecidos se já tinha ouvido alguma coisa da Amy Winehouse. Para além das historietas manhosas da vida da rapariga, ninguém lhe conhecia sequer a voz. Fiquei um pouco mais tranquilo.
Até hoje. Novamente no Y, não uma, mas duas páginas (mais uma coluna de crítica a um DVD) sobre esta fulana de pose estudada e cara de parva a quem apetece dar dois pares de estalos rematados por um cresce e aparece. Mas Vítor Belanciano, o autor, tem uma opinião ligeiramente diferente. Termina assim o primeiro parágrafo do texto: "Da mãe da cantora às Nações Unidas, o mundo parece estar suspenso sobre o que irá acontecer com Amy Winehouse, estrela mais fulgurante, e mais improvável, de 2007." Temo que haja aqui uma ligeira perda da noção de realidade. Mas qual mundo é que está suspenso? E por que carga d'água é que improvável, se tem os ingredientes todos para ser estrategicamente famosa e economicamente rentável?
Depois de escutar umas quantas canções, fiquei com a forte impressão que não é apenas Amy Winehouse que bebe e toma drogas. Tem uma excelente voz, sem dúvida, mas as canções são uma espécie de sobre-requentamento do soul dos anos 60 com uma pop-zinha feita à medida dos tops. E com a quantidade de gente desenquadrada e rebelde que existe no mundo e que também apanha bebedeiras e toma drogas, não percebo o que é que isso tem de extraordinário. Há ainda o argumento das letras que, versando sobre a sua relação com as drogas e demais problemas da sua vidinha errante de suburbana, colocam o seu trabalho acima da esfera do banal. Mas os infortúnios, arrogâncias e infantilidades da famosa jovem inglesa, sejam eles reais ou não, são absolutamente entediantes. Como é que se pode respeitar alguém que ameaça o público com os músculos do marido...

22.11.07

Tertúlia cor-de-rosa

Todos os dias almoço em casa. Por volta das 12h50m estou à mesa a almoçar. Quando ligo a televisão para ver as notícias tenho que levar com aqueles programas para entreter a 3.ª idade e as pessoas desocupadas que existem nos vários canais. De uma forma genérica digo apenas que consegui ficar a odiar o Jorge Gabriel (tipo não o consigo ver mesmo - o homem é ridiculo), o Goucha é de uma surrealidade indescritivel e a Fátima Lopes apetece dar estalos para que a mulher acorde daquela realidade paralela em que ela vive transformada em salvadora dos mais desprotegidos e que depois vai de férias para ilhas paradisiacas e sitios exóticos para aparecer na caras.
Mas há sobretudo algo que ultrapassa todos os limites. A parte final do programa da Fátima Lopes chama-se pesadelo cor-de-rosa. Imagino que nunca tenham visto. Mas eu vou contar-vos. este video que aqui vêm é um tipo a imitar o cláudio ramos, que num intervalo publicitário vende um trem de cozinha ou uma cena parecida. Este tipo juntamente com a Maya (aquela taróloga, astróloga e outras coisas acabadas em óloga), um outro tipo gordo muito bicha, a florbla queiroz e uma outra que foi miss qualquer coisa fazem uma coisa extraordinária: FALAM DA VIDA DOS OUTROS. Não estão a perceber mal. É isto mesmo que estas pessoas fazem. Dizem mal e analizam a vida do jet set da sociedade internacional. Já foram processados por muitas pessoas e estão constantemente a insinuar que o cristiano ronaldo é gay. Acho que o dia que o disserem são processados por um batalhão de advogados ingleses - daqueles tipo cães de fila.
É um programa absolutamente ridiculo. Será que eles nunca param para olhar para a figura que fazem? Há pessoas muito idiotas.

Criminoso? Quem eu?

Pois é meus amigos isto continua sem rei nem rock. Já não se pode tirar dinheiro ao portugueses para dar a uns amigos que somos logo acusados de criminosos e outras coisas mais dignas. Fontão de Carvalho (na foto) ex vice-presidente da CML e a sua companheira Eduarda Napoleão (esta última certamente invadida por uma energia imanada do sobrenome) resolveram que haviam de retirar dos cofres da CML uma soma considerável de dinheiro e entregá-la a três amigos gestores dessa extraordinária empresa municipal que é a EPUL como prémios de gestão. Tenho para mim que a EPUL faz tudo, excepto coisas extraordinárias. À partida ninguém percebe o que terão estes senhores feito de extraordinário para receberem prémios de gestão com dinheiro dos contribuintes, mas certamente haverá uma razão. É pena nós, os próprios contribuintes, não conhermos essa razão - mas isso é apenas um à parte.
A justiça portuguesa, célere como sempre, vem agora dizer que afinal o fontão, a amiga e os três administradores da EPUL vão mesmo a julgamento. hooo que maldade. Mas porquê? É uma injustiça. Afinal os vereadores têm ou não têm poder para fazer o que bem entendem do dinheiro dos contribuintes? Se o povo os colocou lá é porque têm legitimidade para fazerem o que quiserem. Ir às putas, comprar jóias, jantar no eleven, comprar fatos dos costureiros famosos, viajar, contractar arquitectos para obras que não se vão realizar, etc, etc, etc...O facto da CML estar enterrada em dívidas até ao pescoço é apenas um pormenor irrelevante. O tribunal não está a ver.
FC está de tal forma convencido da sua inocência que até dizia que ia recorrer para o Supremo. Dizia ... deixou de dizer depois do advogado lhe explicar como se ele fosse muito burro que não podia recorrer porra nenhuma para lado nenhum e tem mesmo que ir parar com as nádegas à barra do tribunal e explicar muito bem explicadinho que história foi aquela de dar suplementos de gestão a três energúmenos que não contribuem em nada para a riqueza ou desenvolvimento da autarquia. Aliás, é preciso que se saiba o que terá ele ganho em troca desta gentileza de milhares de euros. É um bocado fodido de ouvir estas merdas mas é mesmo assim. Não sejamos ingénuos, alguma coisa ganharam em troca.
Só espero que os senhores doutores juízes de cima do seu alto pedestal e que não querem ser funcionários públicos se deixem de merdas e exerçam o pleno direito para o qual foram incumbidos e não se deixem corromper por merdas de politiquices, senão um dia destes vamos ter juízes a julgar juízes. Não era muito agradável.

15.11.07

Novo blog

Só pra avisar o pessoal que me segue que vou começar a escrever no Carlopod mas que continuo a escrever também aqui, ao mesmo ritmo dos outros.

9.11.07

Maddie o Musical - Cena 28 - O Golpe de Misericórdia (ou O Fim)

No dia seguinte, ainda em Roma, Kate acorda com uma estranha sensação de vazio. Maud já tinha preparado um reconfortante pequeno almoço: um ovo cozido, a dose diária de comprimidos e o inevitável Mateus Rosé. Meia hora depois, fosse pelos comprimidos, fosse pelo vinho, fosse pelas duas coisas juntas, num estado de quase euforia, Kate virou-se para a sua assistente e disse: "Tive uma ideia."
Maud mostrou-se falsamente surpreendida e Kate desfilou o que lhe tinha passado pela cabeça.
"Vamos fazer umas férias no Algarve. Maud, my dear, liga para os meus amigos e convida-os para um fim-de-semana prolongado no Ocean Club. Depois de teres tudo confirmado, ligas para o The Sun e para a Sky News e diz-lhes que nos vamos juntar novamente, na Praia da Luz, onde tudo começou, para relembrar a Maddie, o Gerry, o Sean e a Amelie. My dear, acredita em mim, tenho a forte sensação de que é agora que tudo se vai resolver."
Maud sorriu-lhe com complacência e disse-lhe: "Não se preocupe, eu preparo tudo". Sabia que não valeria a pena contrariá-la e dizer-lhe que metade dos amigos já tinham morrido e que a outra metade estava tão senil quanto ela, que já ninguém ligava muito ao assunto, comunicação social incluída, e que os gémeos tinham desaparecido mas por vontade própria. Por isso, decidiu fazer-lhe a vontade e saiu do quarto para começar a fazer alguns contactos.
Sentada na cama, com um sorriso nos lábios e um olhar vazio, Kate canta:



Uma semana depois, já estavam as duas no Ocean Club, no mesmo apartamento de onde, muitos anos antes, Maddie tinha desaparecido. Kate voltou-se para Maud e disse: "É estranho, parece tudo tão igual... parece que nunca mais entrou aqui ninguém... Maud, my dear, quando é chegam os meus amigos?" Maud achou que era melhor não lhe contar a verdade. "Amanhã de manhã, por volta das 10 horas. E marquei com os jornalistas às 11 horas." Kate sorriu, agradecida, e disse-lhe: "My dear Maud, o que seria de mim sem ti!" Como a deixa lhe pareceu demasiado La Féria, mudou de registo: "Temos de comemorar. Vais ao supermercado e trazes duas garrafas de Mateus Rosé, uma Late Bottle Vintage para mim e uma Freshy Pinky para ti. É o teu preferido, não é?."

Duas horas depois, Maud entrava de rompante na recepção do Ocean Club aos gritos: "Eles levaram-na, eles levaram-na!"
Veio a polícia e, logo a seguir, três jornalistas, da SkyNews, do The Sun e do Correio da Manhã. Maud explicou à polícia que tinha ido ao supermercado e que quando voltou Kate tinha desaparecido. Depois, entre lágrimas, avançou com a suspeita de rapto. "Quando entrei no apartamento, chamei por ela e não obtive resposta. Foi quando reparei que a janela da sala estava aberta e que no parapeito estava uma fralda Lindor. É impossível que ela tenha fugido. Até para entrar na banheira ela precisava de ajuda, quanto mais para saltar por uma janela. Eles levaram-na!"
Mas, ao contrário do que aconteceu com a filha, o desaparecimento de Kate não suscitou grande interesse. Ninguém já tinha paciência para o caso Maddie, quanto mais para o remake em versão materna. A polícia despachou o caso como a fuga de uma velha inglesa, senil e alcoólica, de férias no Algarve. Os jornais, depois de uma primeira manchete, não voltaram a tocar no assunto. Era Verão e ninguém estava muito interessado na história de uma velha desaparecida. Perante o desinteresse geral, não restou a Maud outra alternativa que seguir em frente.

De regresso a Inglaterra, Maud não teve ninguém à sua espera o que secretamente agradeceu. Dirigiu-se para casa de Kate para ir buscar as suas coisas.
Pela primeira vez, nos últimos anos, sentia-se completamente livre e num estado de felicidade quase infantil. Depois de entrar em casa, foi para o quarto de Kate, abriu todas as portas e gavetas dos armários e escolheu as peças de roupa mais aberrantemente sexys que encontrou. Sendo Kate uma inglesa genuína, havia muito por onde escolher. Mas faltava ainda a maquilhagem. Sentou-se frente ao espelho da cómoda, retirou as lentes de contacto coloridas, que lhe compensavam a miopia e lhe davam uma tonalidade castanha aos olhos, colocou uns óculos escuros, pintou os lábios de vermelho vivo e, quando achou que já podia passar por uma popstar, saltou para cima da cama e cantou:



Ofegante, Maud volta a sentar-se frente à cómoda. Pega no mesmo batom vermelho com que tinha pintado os lábios e, com um sorriso enigmático, escreve no espelho "MADDIE WAS HERE". Depois, tira os óculos escuros e revela aquele que era talvez o maior dos seus segredos e que as lentes de contacto coloridas tinham ajudado a esconder: a pequenina mancha no olho direito.

Com o peluche que acompanhou Kate durante anos numa mão e uma tesoura na outra, vai desferindo golpes no boneco enquanto canta:



Cai o pano.
FIM

Maddie o Musical - Cena 27 - Antes do Fim

Umas boas dezenas de anos depois do desaparecimento de Maddie, o caso continuava por resolver e a alimentar pequenas notícias conspirativas no The Sun e no Correio da Manhã. Durante todo esse tempo, vários turistas europeus continuavam a afirmar terem visto a pequena Maddie em Marrocos. O último caso, tinha sido protagonizado pela Infanta Leonor, já Rainha de Espanha, que garantia a pés juntos ter visto uma criança loura, com uma mancha no olho, a ser enfiada pelos cabelos dentro de um carro.
Pelo meio, foram veiculadas pelos jornais muitas teorias da conspiração, que se esfumavam na espuma dos dias à mesma velocidade com que apareciam.
A polícia portuguesa continuava a dizer que todas as possibilidades continuavam sob investigação; os jornais ingleses continuavam, no seu tradicional nacionalismo parolo, a acusar de absoluta inépcia a polícia portuguesa, em partitcular, e todos os portugueses em geral, enquanto os jornais portugueses, delirantes por qualquer conspiraçãozinha, afirmavam que o caso nunca seria resolvido por pressão da diplomacia britânica e do MI5. Indiferentes a tudo isto, os ingleses continuavam a comprar casas e a fazer férias no Algarve e a embebederam-se com Mateus Rosé, os portugueses continuavam a achar que Londres era o mundo, e ambos, quando questionados sobre o caso, respondiam "Maddie who?" Igualmente indiferentes a todo o caso estavam os gémeos McCann que, já maiores de idade, enveredaram por uma fulgurante carreira na indústria do cinema para adultos com o cognome de "Os Gémeos Maravilha". Nunca mais voltaram a Inglaterra e só telefonavam à mãe no Natal.
Entretanto, Gerry, que era um lírico e acreditava no Pai Natal, resolvera seguir um dia uma dessas pistas marroquinas e nunca mais voltara. Ou melhor, desaparecera sem deixar rasto. Kate, a quem o Alzheimer começava a tolher os sentidos, lançou uma nova campanha, desta vez para encontrar o marido. Junto com a tradicional foto de rosto, Kate resolveu divulgar uma foto do rabo do marido, argumentando que aquele grande sinal na nádega esquerda era um dos seus mais evidentes traços distintivos. Como Kate sempre teve o perfil ideal para ser a má da fita nesta história, não faltaram as acusações de que aquilo não era um sinal mas uma cicatriz, resultado da continuada violência sexual exercida sobre o marido.
Involutariamente alheia a todas essas polémicas, Kate voltou a fazer um périplo europeu, desta vez por causa do marido. Ao já famoso peluche que nunca largava, juntou umas algemas que, segundo ela, era o brinquedo preferido de Gerry. Por não ter mais ninguém e por o seu estado de saúde já não permitir grandes aventuras, Kate passou a ser sempre acompanhada por Maud, a sua assistente que, com o tempo e as argruras da vida, se tornara no seu braço direito e melhor amiga. Não foi preciso muito tempo para que as más línguas começassem a dizer que Maud era sua amante.
Mas isso estava bastante longe da realidade. A constante presença de Maud junto de Kate tinha uma razão bem mais prosaica. Os tratamentos à base litium, acompanhados com generosas doses de Mateus Rosé Late Bottle Vintage, foram reduzindo, com o tempo, a autonomia de Kate, acabando por se tornar completamente dependente de Maud.
Deitada na penumbra de um quarto de hotel de Roma, com Maud sentada ao seu lado a ver a Sky News, Kate canta...



(Continua para a última cena...)

8.11.07

Rede de Esposos Heterossexuais.

http://www.straightspouse.org/

Rede de esposos heterossexuais.
Como disse?
Isso mesmo: Rede de Esposos Heterossexuais.
América. Esse país que nos surpreende em cada segundo do tempo que passa oferece-nos esta maravilha de sítio. As famílias com membros homossexuais não estão esquecidas. São "muito poucas" é certo mas existem e como tal há que não as esquecer.

A quantidade de literatura disponível sobre esta temática é significativa como o indica os links de de sugestões de leitura, onde aparecem entre muitos: From Wedded Wife to Lesbian Life: Stories of Transformation; The Other Side of the Closet: The Coming-out Crisis for Straight Spouses and Families, revised and expanded (lol) e dois dos meus favoritos When Husbands Come out of the Closet e MY HUSBAND IS GAY: A Woman's Guide to Surviving the Crisis.

Praticar o bem

Estava aqui a ler uma notícia e tive uma ideia para onde podíamos mandar o Santana Lopes.

7.11.07

Prioridades

DE facto Luís Amado pode bem esperar por um cumprimento. A Euronews é que foi mázinha. Não tinha nada que apanhar estes momentos da cimeira que é suposto ninguém ver.