18.12.07

Tá a correr bem ...

para o Luxemburgo e para a Irlanda, claro.

Diz o EUROSTAT que o poder de compra dos portugueses está 25% abaixo da média Europeia. Duuuhhh grande novidade. As conclusões desta instituição começam a ter piada. Na verdade esqueceram-se de colocar em nota de rodapé que os portugueses não têm poder de compra - têm sim poder de sobrevivência. Se partirmos do princípio que esta média é feita numa Europa a 27, incluindo quase uma dezena de países que até há bem pouco tempo eram bem mais pobres que Portugal, apetece-me dizer que "tá a correr bem". Neste momento até já Malta, República Checa, Eslovénia e Chipre têm mais poder de compra que nós. Devem ter começado a apertar o cinto na década de 70.

Pergunto: Mas afinal o que falhou no passado? O que está a falhar agora? Andamos há 5 anos com os ordenados congelados e o resultado "parece" ser apenas a diminuição do déficit para dizer a Bruxelas que somos bons meninos e vamos corrigir os erros do passado. Pois é, na verdade, em termos práticos a economia até pode estar a recuperar com as exportações de coisas que desconhecemos mas não entendo como é que os contribuintes vão beneficiar com isso. Até agora não vi nenhuma pista.

Ouvi hoje que os sindicatos e o governo chegaram a um acordo e o ordenado mínimo vai passar para 426Euros? Sim 426Euros. Deve haver países africanos com ordenados minímos mais elevados. É uma vergonha. O que é que se pode fazer com esta quantia? Basta respirar para gastar este dinheiro.

Sócrates. Devo confessar que sempre tive alguma dificuldade em aceitar políticas de direita. Não só porque conheço os contextos históricos que lhes deram origem mas também pelos princípios que defendem. Porém, hoje, no século XXI, onde esquerda e direita andam de mãos dadas, já nada disso é válido. Se um governo socialista aposta numa política baseada, sobretudo, na economia, então deixei de ver diferença entre a esquerda e a direita. Mais ainda quando as estruturas fundamentais das políticas tradicionalmente defendidas pela esquerda estão profundamente abaladas como a saúde, a justiça e a educação (sendo que no caso da justiça a coisa está a correr ainda pior - vamos ter que acordar para esse GRANDE problema) muito menos sentido faz. Votar ps, psd ou cds/pp parece a mesma merda. Todos servem apenas para afundar, ainda mais, o pouco que resta.

Todos fazem o que querem. Basta para isso ter dinheiro. Há crianças à guarda do estado (há que não esquecer este pormenor) violadas por figuras públicas e políticos, que vêm as leis alteradas para os beneficiar e ainda poderem ganhar com isso; há os bancos, que nos roubam todos os dias (ainda hoje se ficou a saber que ficam com o dinheiro das pessoas que morrem), e que fazem as piores falcatruas dentro de portas muitas vezes com a passividade do banco de portugal, que na maior parte dos casos só reage (e muitas vezes mal) quando a comunicação social dá alarme de que algo não está bem. Em boa verdade é outras das instituições que parece estar a precisar de um abanão (não me levem a mal). Às instituições pede-se apenas que funcionem - e que funcionem bem. Não que se limitem a existir.

Tudo isto me leva a perguntar. Para onde vamos? Será que quando chegarmos ao déficit zero os nossos problemas terminam e vamos ter um ordenado mínimo de 1000 euros? O que podemos esperar amanhã? Será que vamos ter aumentos nos ordenados? Ou será que já nem vamos ter emprego?

14.12.07

Presentes de Natal Originais #1

Passio de Matthias Von Fistenberg (DVD)
Talvez não seja uma obra fácil, daquelas que levam ordas aos cinemas e que entram directamente para o top de vendas. Mas Manoel de Oliveira também não é. Mas é sem dúvida um presente original para pessoas que tenham paixão pela arte. "Passio" abre novas perspectivas sobre o cristianismo, na sua relação com o mundo e na forma como influenciou a relação do homem consigo mesmo.



Afirma-se na sinopse da obra: "O aclamado realizador viaja dois mil anos em direcção ao passado para re-inventar o Filho de Deus disseminando o seu amor a toda a humanidade. Seja amarrado a uma cruz ou a causar problemas a Pôncio Pilatos ou mesmo a transformar a Última Ceia numa festa da carne, Ele tem a certeza de ser uma inspiração para legiões." Assente numa estética de depuração cénica, equilibrada pela saturação da fotografia, a obra de Fistenberg eleva a figura de Jesus ao mais elevado plano do divino, não por ser essa a sua natureza intrínseca, mas pela via da dessacralização. O que Fistenberg nos diz é que Cristo torna-se divino por ser absolutamente humano.
Passio é uma obra fundamental para crentes e não-crentes e uma excelente proposta para presente de Natal.

Clique aqui para ver a apresentação do filme.

13.12.07

A Justiça criminosa, Clara Ferreira Alves

Não é costume o sinal de alarme apresentar textos na íntegra. Porém. Este texto não é um texto qualquer.

Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso.
Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia que se sabe que nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços do enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogues, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muito alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém? As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não substancia.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu?
E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente"importante" estava envolvida, o que aconteceu?
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade. Este é o maior fracasso da democracia portuguesa e contra isto o PS e o PSD que fizeram? Assinaram um iníquo pacto de justiça.

«Expresso» de 20 de Outubro de 2007

3.12.07

Grã Bretanha

Pois nem tudo corre bem por terras de Isabel II (Isabelinha para os amigos). Não bastavam os escandalos famíliares, a incompetência da polícia e dos trabalhistas ainda tem que levar com preocupações absolutamente inacreditáveis como o da perda da bases de dados relativa a mais de 25 milhões de pessoas beneficiárias do abono de família do Reino Unido. Supostamente dois discos que continham estas informações foram perdidos entre dois serviços. Se fosse só a data de nascimento, nome e morada - ainda vá. Agora com dados bancários à mistura é que já é pior e os britânicos começam a ficar um bocadinho tristes com a possibilidade de verem a conta bancária desaparecer e de não terem dinheirinho para o peru. Já há quem venda na net dados de cartões de crédito por 1,5€, ou até mesmo jornalistas que conseguem fazer downloads de dados sem pagar nada. Agora a minha questão é: como é que se passeia dois cd`s com dados pessoais assim, sem mais nem menos? Parece que os serviços britânicos não estão a acautelar pormenores importantes. Se calhar temos que mandar para lá o sócrates para ele arrajar uma bolsa de numerários ou supranumerários (como na opus dei, nunca sei o que é ao certo, ainda que desconfie que um destes dias também lá esteja e aí deixarei de ter dúvidas), para enquadrar estes incompetentes que perdem, assim, sem apelo nem agravo os dados pessoais das pessoas. Ou será que estão a precisar que este senhor volte?

30.11.07

Amy what?



Há uns tempos atrás, o suplemento Y do Público publicava um texto de página inteira sobre esta jovem. O autor, de que não me lembro o nome, tecia-lhe largos elogios numa espécie de êxtase quase onírico. Chegava ao ponto de justificar, em cada parágrafo, o desinteresse dos portugueses pelo ser como uma prova do seu terceiro mundismo. Obviamente, o autor da prosa, qual iluminado, estava acima da secular ignorância nacional.
A partir dessa altura, comecei a reparar que a jovem, que passei a identificar como a rapariga da cabaça na cabeça, aparecia em tudo o que era notícia cor de rosa. Ou era os problemas conjugais, ou era o consumo de drogas ou outra qualquer treta do género que garantem a fama às Britney Spears desse mundo.
Comecei a pensar que o meu habitual desinteresse pelos "hypes" do momento me estavam a impedir de uma qualquer experiência transcendental. Fui perguntando a amigos e conhecidos se já tinha ouvido alguma coisa da Amy Winehouse. Para além das historietas manhosas da vida da rapariga, ninguém lhe conhecia sequer a voz. Fiquei um pouco mais tranquilo.
Até hoje. Novamente no Y, não uma, mas duas páginas (mais uma coluna de crítica a um DVD) sobre esta fulana de pose estudada e cara de parva a quem apetece dar dois pares de estalos rematados por um cresce e aparece. Mas Vítor Belanciano, o autor, tem uma opinião ligeiramente diferente. Termina assim o primeiro parágrafo do texto: "Da mãe da cantora às Nações Unidas, o mundo parece estar suspenso sobre o que irá acontecer com Amy Winehouse, estrela mais fulgurante, e mais improvável, de 2007." Temo que haja aqui uma ligeira perda da noção de realidade. Mas qual mundo é que está suspenso? E por que carga d'água é que improvável, se tem os ingredientes todos para ser estrategicamente famosa e economicamente rentável?
Depois de escutar umas quantas canções, fiquei com a forte impressão que não é apenas Amy Winehouse que bebe e toma drogas. Tem uma excelente voz, sem dúvida, mas as canções são uma espécie de sobre-requentamento do soul dos anos 60 com uma pop-zinha feita à medida dos tops. E com a quantidade de gente desenquadrada e rebelde que existe no mundo e que também apanha bebedeiras e toma drogas, não percebo o que é que isso tem de extraordinário. Há ainda o argumento das letras que, versando sobre a sua relação com as drogas e demais problemas da sua vidinha errante de suburbana, colocam o seu trabalho acima da esfera do banal. Mas os infortúnios, arrogâncias e infantilidades da famosa jovem inglesa, sejam eles reais ou não, são absolutamente entediantes. Como é que se pode respeitar alguém que ameaça o público com os músculos do marido...

22.11.07

Tertúlia cor-de-rosa

Todos os dias almoço em casa. Por volta das 12h50m estou à mesa a almoçar. Quando ligo a televisão para ver as notícias tenho que levar com aqueles programas para entreter a 3.ª idade e as pessoas desocupadas que existem nos vários canais. De uma forma genérica digo apenas que consegui ficar a odiar o Jorge Gabriel (tipo não o consigo ver mesmo - o homem é ridiculo), o Goucha é de uma surrealidade indescritivel e a Fátima Lopes apetece dar estalos para que a mulher acorde daquela realidade paralela em que ela vive transformada em salvadora dos mais desprotegidos e que depois vai de férias para ilhas paradisiacas e sitios exóticos para aparecer na caras.
Mas há sobretudo algo que ultrapassa todos os limites. A parte final do programa da Fátima Lopes chama-se pesadelo cor-de-rosa. Imagino que nunca tenham visto. Mas eu vou contar-vos. este video que aqui vêm é um tipo a imitar o cláudio ramos, que num intervalo publicitário vende um trem de cozinha ou uma cena parecida. Este tipo juntamente com a Maya (aquela taróloga, astróloga e outras coisas acabadas em óloga), um outro tipo gordo muito bicha, a florbla queiroz e uma outra que foi miss qualquer coisa fazem uma coisa extraordinária: FALAM DA VIDA DOS OUTROS. Não estão a perceber mal. É isto mesmo que estas pessoas fazem. Dizem mal e analizam a vida do jet set da sociedade internacional. Já foram processados por muitas pessoas e estão constantemente a insinuar que o cristiano ronaldo é gay. Acho que o dia que o disserem são processados por um batalhão de advogados ingleses - daqueles tipo cães de fila.
É um programa absolutamente ridiculo. Será que eles nunca param para olhar para a figura que fazem? Há pessoas muito idiotas.

Criminoso? Quem eu?

Pois é meus amigos isto continua sem rei nem rock. Já não se pode tirar dinheiro ao portugueses para dar a uns amigos que somos logo acusados de criminosos e outras coisas mais dignas. Fontão de Carvalho (na foto) ex vice-presidente da CML e a sua companheira Eduarda Napoleão (esta última certamente invadida por uma energia imanada do sobrenome) resolveram que haviam de retirar dos cofres da CML uma soma considerável de dinheiro e entregá-la a três amigos gestores dessa extraordinária empresa municipal que é a EPUL como prémios de gestão. Tenho para mim que a EPUL faz tudo, excepto coisas extraordinárias. À partida ninguém percebe o que terão estes senhores feito de extraordinário para receberem prémios de gestão com dinheiro dos contribuintes, mas certamente haverá uma razão. É pena nós, os próprios contribuintes, não conhermos essa razão - mas isso é apenas um à parte.
A justiça portuguesa, célere como sempre, vem agora dizer que afinal o fontão, a amiga e os três administradores da EPUL vão mesmo a julgamento. hooo que maldade. Mas porquê? É uma injustiça. Afinal os vereadores têm ou não têm poder para fazer o que bem entendem do dinheiro dos contribuintes? Se o povo os colocou lá é porque têm legitimidade para fazerem o que quiserem. Ir às putas, comprar jóias, jantar no eleven, comprar fatos dos costureiros famosos, viajar, contractar arquitectos para obras que não se vão realizar, etc, etc, etc...O facto da CML estar enterrada em dívidas até ao pescoço é apenas um pormenor irrelevante. O tribunal não está a ver.
FC está de tal forma convencido da sua inocência que até dizia que ia recorrer para o Supremo. Dizia ... deixou de dizer depois do advogado lhe explicar como se ele fosse muito burro que não podia recorrer porra nenhuma para lado nenhum e tem mesmo que ir parar com as nádegas à barra do tribunal e explicar muito bem explicadinho que história foi aquela de dar suplementos de gestão a três energúmenos que não contribuem em nada para a riqueza ou desenvolvimento da autarquia. Aliás, é preciso que se saiba o que terá ele ganho em troca desta gentileza de milhares de euros. É um bocado fodido de ouvir estas merdas mas é mesmo assim. Não sejamos ingénuos, alguma coisa ganharam em troca.
Só espero que os senhores doutores juízes de cima do seu alto pedestal e que não querem ser funcionários públicos se deixem de merdas e exerçam o pleno direito para o qual foram incumbidos e não se deixem corromper por merdas de politiquices, senão um dia destes vamos ter juízes a julgar juízes. Não era muito agradável.

15.11.07

Novo blog

Só pra avisar o pessoal que me segue que vou começar a escrever no Carlopod mas que continuo a escrever também aqui, ao mesmo ritmo dos outros.

9.11.07

Maddie o Musical - Cena 28 - O Golpe de Misericórdia (ou O Fim)

No dia seguinte, ainda em Roma, Kate acorda com uma estranha sensação de vazio. Maud já tinha preparado um reconfortante pequeno almoço: um ovo cozido, a dose diária de comprimidos e o inevitável Mateus Rosé. Meia hora depois, fosse pelos comprimidos, fosse pelo vinho, fosse pelas duas coisas juntas, num estado de quase euforia, Kate virou-se para a sua assistente e disse: "Tive uma ideia."
Maud mostrou-se falsamente surpreendida e Kate desfilou o que lhe tinha passado pela cabeça.
"Vamos fazer umas férias no Algarve. Maud, my dear, liga para os meus amigos e convida-os para um fim-de-semana prolongado no Ocean Club. Depois de teres tudo confirmado, ligas para o The Sun e para a Sky News e diz-lhes que nos vamos juntar novamente, na Praia da Luz, onde tudo começou, para relembrar a Maddie, o Gerry, o Sean e a Amelie. My dear, acredita em mim, tenho a forte sensação de que é agora que tudo se vai resolver."
Maud sorriu-lhe com complacência e disse-lhe: "Não se preocupe, eu preparo tudo". Sabia que não valeria a pena contrariá-la e dizer-lhe que metade dos amigos já tinham morrido e que a outra metade estava tão senil quanto ela, que já ninguém ligava muito ao assunto, comunicação social incluída, e que os gémeos tinham desaparecido mas por vontade própria. Por isso, decidiu fazer-lhe a vontade e saiu do quarto para começar a fazer alguns contactos.
Sentada na cama, com um sorriso nos lábios e um olhar vazio, Kate canta:



Uma semana depois, já estavam as duas no Ocean Club, no mesmo apartamento de onde, muitos anos antes, Maddie tinha desaparecido. Kate voltou-se para Maud e disse: "É estranho, parece tudo tão igual... parece que nunca mais entrou aqui ninguém... Maud, my dear, quando é chegam os meus amigos?" Maud achou que era melhor não lhe contar a verdade. "Amanhã de manhã, por volta das 10 horas. E marquei com os jornalistas às 11 horas." Kate sorriu, agradecida, e disse-lhe: "My dear Maud, o que seria de mim sem ti!" Como a deixa lhe pareceu demasiado La Féria, mudou de registo: "Temos de comemorar. Vais ao supermercado e trazes duas garrafas de Mateus Rosé, uma Late Bottle Vintage para mim e uma Freshy Pinky para ti. É o teu preferido, não é?."

Duas horas depois, Maud entrava de rompante na recepção do Ocean Club aos gritos: "Eles levaram-na, eles levaram-na!"
Veio a polícia e, logo a seguir, três jornalistas, da SkyNews, do The Sun e do Correio da Manhã. Maud explicou à polícia que tinha ido ao supermercado e que quando voltou Kate tinha desaparecido. Depois, entre lágrimas, avançou com a suspeita de rapto. "Quando entrei no apartamento, chamei por ela e não obtive resposta. Foi quando reparei que a janela da sala estava aberta e que no parapeito estava uma fralda Lindor. É impossível que ela tenha fugido. Até para entrar na banheira ela precisava de ajuda, quanto mais para saltar por uma janela. Eles levaram-na!"
Mas, ao contrário do que aconteceu com a filha, o desaparecimento de Kate não suscitou grande interesse. Ninguém já tinha paciência para o caso Maddie, quanto mais para o remake em versão materna. A polícia despachou o caso como a fuga de uma velha inglesa, senil e alcoólica, de férias no Algarve. Os jornais, depois de uma primeira manchete, não voltaram a tocar no assunto. Era Verão e ninguém estava muito interessado na história de uma velha desaparecida. Perante o desinteresse geral, não restou a Maud outra alternativa que seguir em frente.

De regresso a Inglaterra, Maud não teve ninguém à sua espera o que secretamente agradeceu. Dirigiu-se para casa de Kate para ir buscar as suas coisas.
Pela primeira vez, nos últimos anos, sentia-se completamente livre e num estado de felicidade quase infantil. Depois de entrar em casa, foi para o quarto de Kate, abriu todas as portas e gavetas dos armários e escolheu as peças de roupa mais aberrantemente sexys que encontrou. Sendo Kate uma inglesa genuína, havia muito por onde escolher. Mas faltava ainda a maquilhagem. Sentou-se frente ao espelho da cómoda, retirou as lentes de contacto coloridas, que lhe compensavam a miopia e lhe davam uma tonalidade castanha aos olhos, colocou uns óculos escuros, pintou os lábios de vermelho vivo e, quando achou que já podia passar por uma popstar, saltou para cima da cama e cantou:



Ofegante, Maud volta a sentar-se frente à cómoda. Pega no mesmo batom vermelho com que tinha pintado os lábios e, com um sorriso enigmático, escreve no espelho "MADDIE WAS HERE". Depois, tira os óculos escuros e revela aquele que era talvez o maior dos seus segredos e que as lentes de contacto coloridas tinham ajudado a esconder: a pequenina mancha no olho direito.

Com o peluche que acompanhou Kate durante anos numa mão e uma tesoura na outra, vai desferindo golpes no boneco enquanto canta:



Cai o pano.
FIM

Maddie o Musical - Cena 27 - Antes do Fim

Umas boas dezenas de anos depois do desaparecimento de Maddie, o caso continuava por resolver e a alimentar pequenas notícias conspirativas no The Sun e no Correio da Manhã. Durante todo esse tempo, vários turistas europeus continuavam a afirmar terem visto a pequena Maddie em Marrocos. O último caso, tinha sido protagonizado pela Infanta Leonor, já Rainha de Espanha, que garantia a pés juntos ter visto uma criança loura, com uma mancha no olho, a ser enfiada pelos cabelos dentro de um carro.
Pelo meio, foram veiculadas pelos jornais muitas teorias da conspiração, que se esfumavam na espuma dos dias à mesma velocidade com que apareciam.
A polícia portuguesa continuava a dizer que todas as possibilidades continuavam sob investigação; os jornais ingleses continuavam, no seu tradicional nacionalismo parolo, a acusar de absoluta inépcia a polícia portuguesa, em partitcular, e todos os portugueses em geral, enquanto os jornais portugueses, delirantes por qualquer conspiraçãozinha, afirmavam que o caso nunca seria resolvido por pressão da diplomacia britânica e do MI5. Indiferentes a tudo isto, os ingleses continuavam a comprar casas e a fazer férias no Algarve e a embebederam-se com Mateus Rosé, os portugueses continuavam a achar que Londres era o mundo, e ambos, quando questionados sobre o caso, respondiam "Maddie who?" Igualmente indiferentes a todo o caso estavam os gémeos McCann que, já maiores de idade, enveredaram por uma fulgurante carreira na indústria do cinema para adultos com o cognome de "Os Gémeos Maravilha". Nunca mais voltaram a Inglaterra e só telefonavam à mãe no Natal.
Entretanto, Gerry, que era um lírico e acreditava no Pai Natal, resolvera seguir um dia uma dessas pistas marroquinas e nunca mais voltara. Ou melhor, desaparecera sem deixar rasto. Kate, a quem o Alzheimer começava a tolher os sentidos, lançou uma nova campanha, desta vez para encontrar o marido. Junto com a tradicional foto de rosto, Kate resolveu divulgar uma foto do rabo do marido, argumentando que aquele grande sinal na nádega esquerda era um dos seus mais evidentes traços distintivos. Como Kate sempre teve o perfil ideal para ser a má da fita nesta história, não faltaram as acusações de que aquilo não era um sinal mas uma cicatriz, resultado da continuada violência sexual exercida sobre o marido.
Involutariamente alheia a todas essas polémicas, Kate voltou a fazer um périplo europeu, desta vez por causa do marido. Ao já famoso peluche que nunca largava, juntou umas algemas que, segundo ela, era o brinquedo preferido de Gerry. Por não ter mais ninguém e por o seu estado de saúde já não permitir grandes aventuras, Kate passou a ser sempre acompanhada por Maud, a sua assistente que, com o tempo e as argruras da vida, se tornara no seu braço direito e melhor amiga. Não foi preciso muito tempo para que as más línguas começassem a dizer que Maud era sua amante.
Mas isso estava bastante longe da realidade. A constante presença de Maud junto de Kate tinha uma razão bem mais prosaica. Os tratamentos à base litium, acompanhados com generosas doses de Mateus Rosé Late Bottle Vintage, foram reduzindo, com o tempo, a autonomia de Kate, acabando por se tornar completamente dependente de Maud.
Deitada na penumbra de um quarto de hotel de Roma, com Maud sentada ao seu lado a ver a Sky News, Kate canta...



(Continua para a última cena...)

8.11.07

Rede de Esposos Heterossexuais.

http://www.straightspouse.org/

Rede de esposos heterossexuais.
Como disse?
Isso mesmo: Rede de Esposos Heterossexuais.
América. Esse país que nos surpreende em cada segundo do tempo que passa oferece-nos esta maravilha de sítio. As famílias com membros homossexuais não estão esquecidas. São "muito poucas" é certo mas existem e como tal há que não as esquecer.

A quantidade de literatura disponível sobre esta temática é significativa como o indica os links de de sugestões de leitura, onde aparecem entre muitos: From Wedded Wife to Lesbian Life: Stories of Transformation; The Other Side of the Closet: The Coming-out Crisis for Straight Spouses and Families, revised and expanded (lol) e dois dos meus favoritos When Husbands Come out of the Closet e MY HUSBAND IS GAY: A Woman's Guide to Surviving the Crisis.

Praticar o bem

Estava aqui a ler uma notícia e tive uma ideia para onde podíamos mandar o Santana Lopes.

7.11.07

Prioridades

DE facto Luís Amado pode bem esperar por um cumprimento. A Euronews é que foi mázinha. Não tinha nada que apanhar estes momentos da cimeira que é suposto ninguém ver.

25.10.07

Maddie o Musical - cena 26

em nome do indigente andrajoso

Segundo o jornal português "24 Horas", as análises de ADN confirmaram que Gerry não é o pai biológico de Maddie.
Apesar de ser mais que sabido que o casal alinhava em práticas de "swing", ainda há quem se admire com a notícia.
Mas como reage Kate?



(continua)

24.10.07

Maddie O Musical - cena 25

Flashforward.
O Inspector chefe da Policia Judiciária encarregue do caso Maddie, farto de tantas noticias controversas e atitudes menos correctas por parte da policia e da comunicação social inglesa resolveu, no próprio dia do seu aniversário, aprumar o bigode e falar assim:



Claro que foi substituído.

Maddie o Musical - cena 24

Maddie levanta-se do triciclo e volta para o quarto. Os acontecimentos precipitam-se. Eis o que acontece a seguir:

23.10.07

Maddie o Musical - cena 23


Flashback.
Ocean Club, noite do desaparecimento de Maddie, após os pais terem deixado os três filhos na cama e saído para jantar no Tapas Bar.
Maddie acorda, sentindo-se tonta, com a cabeça à roda. O "rebuçado" que a mãe lhe dera não tem o efeito pretendido. Maddie decide então ir procurar a mãe. Pega no triciclo e lá vai ela, ansiosa, pelos corredores do hotel.
No caminho, encontra os gémeos. Assusta-se. Parecia que os tinha visto a dormir sossegadamente no quarto. Maddie fica confusa. O que se passa? Estará a alucinar?


Hello Maddie.
Come and play with us.
Come and play with us, Maddie.
Forever and ever and ever.

19.10.07

Maddie o Musical - cena 22

Alguns jornais portugueses noticiam que a polícia acredita que Madeleine, meio grogue, terá caído das escadas do Ocean Club. A tese das escadas alicerça-se nas análises do laboratório de Birmingham, que mostram que há ADN da Maddie por tudo quanto é lado naquela casa, incluindo nas escadas.

O chico-esperto portuga junta as peçazinhas do puzzle e começa então a ver o filme todo:

No dia 3 de Maio, no Ocean Club, Kate, dá aos filhos gémeos e a Maddie uma dose de Calpol, para os pôr a dormir e poder ir para a night com o marido. Os gémeos adormeceram com a sua dose habitual mas a Maddie, a hiperactiva, deram-lhe (a mãe) dose suficiente para elefante, só que numa ida a casa Maddie estava acordada e ela deve ter-lhe dito para ir dormir, a miuda deve ter dito que não, ela dá-lhe uma galheta, a miudinha voou até às escadas e como estava drunfada, caíu, bateu com a cabeça e morreu instantaneamente. Kate acagaça-se toda e conta ao marido o que fez, então o que fazem? pegam na miuda, colocam-na no carro alugado (provavelmente nunca saiu daquele grupo de 9 ingleses), leva a miúda até perto da igreja, logo deve haver um cemitério nas imediações, e das duas uma: ou cremaram o corpo da miúda e aí não há cinzas e vestígios, porque devem ter feito eles desaparecerem, ou retalharam o corpo e enterraram ou na praia ou no cemitério ou mesmo numa área qualquer do Algarve, e depois de tudo orientado, vai a Kate no papel de mãe desesperada, monta o circo do rapto, dizendo aos amigos que entretanto já se tinham enfrascado com 14 ou 15 garrafas de vinho que “eles levaram-na”. Liga para a Sky News e para o PM Brown, antes de ligar para a GNR a informar do desaparecimento da filhinha - que entretanto desaparece de circulação. Lembram-se então de quem? do amiguinho, pedófilo da aldeia, Robert Murat, que serviu para afastar as suspeitas sobre os pais - tipo ilusionismo - devido ao tipo de vida que levava Murat (que ninguém tem a ver com isso) íam apontando Murat como suspeito nº 1, enquanto os pais de Maddie faziam tudo para ver se conseguiam ficar limpos e serem heróis. Gordon Brown, manda um assessor de imagem e porta - voz para o casal. Ah, ainda falta dizer que em 12 dias arranjaram um fundo monetário para procurar a miuda, ou seja procurar um fantasma. Este circo manteve-se com alguns ingleses a dizer que tinham visto a miúda aqui e além, chegando a 2500 pistas falsas, que ajudaram a atrasar este caso. Claro como água! Os McCann enganaram-nos bem enganados! E nós que fizemos tanto por eles! Fizemos tudo por eles! Mas agora... agora não nos enganam mais!

- canta o chico-esperto portuga, melancólico e desenganado:

18.10.07

Maddie o Musical - cena 21

Após terem sido constituidos "arguidos" ("ah-guee-dosh"), os McCann fazem as malas e preparam o seu regresso a Inglaterra. No aeroporto, esperam na ala VIP pelo voo "low-cost" que os levará à terrinha do centro de Inglaterra onde são os médicos da aldeia. Quando instados pelos jornalistas a responder se foram de facto os responsáveis pela morte da filha, respondem assim:


Would I lie to you?
Would I lie to you honey?
Now would I say something that wasnt true?
Im asking you sugar
Would I lie to you?

Maddie o Musical - cena 20

Naquela triste e leda madrugada o casal McCann adivinhava um lift of do planeta terra. A chamada à judite de Portimão para interrogatórios separados não poderia dar bom resultado. Como na verdade não deu. Ambos sairam arguidos acusados de envolvimento, para não dizer pior, no desaparecimento da pequena Maddie. O trágico cenário grassava na comunicação social de todo o mundo. Havia que continuar com a estratégia de controlo. Estava na hora de por o capacete, tomar os comprimidos de proteínas, ligar a ignição e pedir os comandos para a família McCann e ... talvez o amor de Deus esteja com eles. A partir daquele momento estavam decididos a não perder o controlo de toda a situação. Perdido por 100, perdido por 1000. Let`s go.

- Canta Gerry:


This is Major Tom to Ground Control
I'm stepping through the door
And I'm floating
in a most peculiar way
And the stars look very different today

E continuarão diferentes. Sobretudo para Madeleine. Porém o que realmente interessa é não perder a calma e manter o controlo de todas as situações. Aqui no UK e no resto do mundo. Nós somos invencíveis. Gerry julga-se um Major Tom. Pensa que está acima do mundo e que pode enganar tudo e todos. É uma espécie de realidade paralela que vive para si próprio: canta ele ...

For here
Am I sitting in a tin can
Far above the world
Planet Earth is blue
And there's nothing I can do

Though I'm past
one hundred thousand miles
I'm feeling very still
And I think my spaceship knows which way to go
Tell my wife I love her very much
she knows

Até quando? Poderá Gerry McCann manter o controlo????:...

Ground Control to Major Tom
Your circuit's dead,
there's something wrong
Can you hear me, Major Tom?
Can you hear me, Major Tom?
Can you hear me, Major Tom?
Can you....

Here am I floating
round my tin can
Far above the Moon
Planet Earth is blue
And there's nothing I can do.

Maddie o Musical - cena 19

Kate ficou a saber, através do 24 Horas e do Correio da Manhã, que os cães pisteiros da polícia inglesa tinham detectado um leve odor a sangue nas paredes do apartamento de férias do Ocean Club. Primeiro ficou irritada e depois ficou aborrecida. Virou-se para o marido, que olhava o vago, e disse:
- Ai Gerry, estou tão entediada... Os jornais portugueses são tão deprimentes. Não queres fazer qualquer coisa para me animar? Preciso tanto de uma diversãozinha!
Gerry, a quem as suaves tristezas da esposa provocavam um aperto no peito, levantou-se de repente e respondeu-lhe: - Volto já, querida!
Dez minutos depois, estava Kate espojada no sofá, com um copo de Mateus Rosé na mão, quando percebeu que a iluminação da sala ficava mais fraca, tipo media luz, e começou a ouvir os primeiros acordes de uma música que lhe trazia muito boas recordações. Sentou-se e não resistiu a acompanhar o ritmo com o pé.



Quando viu Gerry surgir na ombreira da porta, fez um sorriso perverso. Do alto de uns salto agulha de verniz com 15cm, Gerry encostou-se à ombreira e depois rebolou sobre si mesmo. Deixou o longo casaco de vison escorregar pelos braços. Kate abriu os olhos e sentiu por todo o seu corpo um forte arrepio de desejo.

Ele revelou-se a ela em todo o esplendor da sua sensualidade. Trazia a lingerie preta de renda que ela lhe tinha comprado numa loja da marina de Vilamoura e o olhar mais submisso que alguma vez lhe dedicara. Além disso, reparou Kate, o playback estava irrepreensível.

- Ah, meu lindo menino, anda cá à dona! - ordenou ela. Ele fez um sorriso colegial, prendeu entre os lábios vermelho Chanel um pequeno chicote e começou a escorregar sensualmente pela ombreira da porta. Depois, colocou-se de gatas e começou a aproximar-se dela. Ela afastou ligeiramente as pernas e deu duas suaves palmadinhas no joelho, incentivando-a a avançar. Quando chegou ao pé dela, levantou a cabeça para que ela lhe tirasse o chicote da boca. Ela recompensou-o com um afago na cabeça e ele abanou o rabo entusiasmado. Depois farejou os pés da sua deusa e começou a lambê-los suave e cuidadosamente, enquanto ela lhe açoitava as nádegas que se revelavam ansiosas sob a renda preta do fio dental.

Mudança de cenário.

Olegário, sentado na sanita, revia o fascículo 58 do curso de inglês da BBC. "Só com isto, não chego a lado nenhum. Onde raio terei posto as cassetes?" - dizia para si mesmo. Meia hora depois, teria de anunciar, em conferência de imprensa, que a polícia portuguesa tinha a vaga impressão de que a criança não estava viva. Essa frase, já a tinha decorado em inglês. O problema era quando lhe começassem a fazer perguntas. Toda a imprensa andava a criticar a polícia portuguesa por não revelar qualquer informação. E, afinal, o problema era apenas que o porta-voz da polícia só tinha conseguido decorar a frase "I can say no more information. It's secret of justice." e não se lembrava de mais nada.

Olegário levantou-se da sanita e, esquecendo-se de se limpar, entrou directamente para a banheira onde um banho de espuma relaxante o esperava. Como era homem dado a depressões e a apaixonar-se por prostitutas de estrada, canta no seu melhor inglês de ouvido:

Maddie o Musical - cena 18

em nome de Quem?

Uma psicóloga diz ter visto a menina desaparecida na companhia de dois adultos, num bar belga, a comer um iogurte. As autoridades locais já emitiram um alerta e o badalhoco recipiente do iogurte irá ser alvo de pesquisa de ADN.
Não há nenhuma informação concreta quanto ao paradeiro de Maddie, mas a nova pista relança a investigação.

- Neste momento, já em total desespero, a menina, onde quer que esteja, canta:

Maddie o Musical - cena 17

Oslo, Noruega.
A turista norueguesa Marie Olli, com a sua pele branca ainda avermelhada do Sol, diz aos repórteres que viu Madeleine em Marrocos a perguntar a um indivíduo marroquino "can I see mummy soon"? Um outro turista, de origem inglesa, relatou também ter visto uma rapariga correspondendo à descrição de Maddie, acompanhada de um homem, no hotel Ibis em Marrakesh.

- Nevoeiro. Do meio do nevoeiro surge a imagem de Maddie, cantando:

Fui de visita à minha tia a marrocos
Hip Hop
Fui de visita à minha tia a marrocos
Hip Hop
Fui de Visita à minha tia
Fui de visita à minha tia
Fui de visita à minha tia a marrocos
HipHop
singingai yuppy yuppy ai
singingai yuppy yuppy ai ai ai ai
singingai yuppy yuppy ai
singingai yuppy yuppy ai ai ai ai



Maddie é vista um pouco por todo lado, sempre acompanhada por homens.

- Canta novamente Maddie, charmosa e insinuante:


On the good ship lollipop.
Its a sweet trip to a candy shop
Where bon-bons play
On the sunny beach of Peppermint Bay.

Lemonade stands everywhere.
Crackerjack bands fill the air.
And there you are
Happy landing on a chocolate bar.

See the sugar bowl do the tootsie roll
With the big bad devils food cake.
If you eat too much ooh ooh
You'll awake with a tummy ache.

On the good ship lollipop
Its a night trip into bed you hop
And dream away
On the good ship lollipop.

17.10.07

Maddie o Musical - cena 16

Os McCanns assinalam o quarto aniversário de Maddie com um novo apelo para o seu regresso.

- Canta o público:

Maddie o Musical - cena 15

Kate diz em estrevistas à imprensa inglesa que os boatos de que ela é culpada da morte da filha só a fazem ser "mais forte".



Hush.. just stop there's nothing you can do or say (baby)

i've had enough i'm not your property as from today (baby)

you might think that i wont make it on my own

but now im

Stronger than yesterday

now its nothin' but my way

my loneliness ain't killing me no more

im stronger

Than i ever thought that i could be (baby)

Maddie o Musical - cena 14


Enquanto a imprensa assinala os cem dias após o desaparecimento de Madeleine, a polícia portuguesa começa finalmente a suspeitar que talvez o casal McCann pudesse estar envolvido na morte da pequena. Que talvez tivesse dado jeito retirar amostras de ADN do apartamento e do carro do casal, logo após o seu desaparecimento. Que talvez não tivesse sido má ideia fazer umas escutas telefónicas ao casal. Que talvez tivesse sido uma ideia brilhante pôr um agente à paisana a seguir os passos do casal durante estes cem dias. Enfim, que afinal talvez não estivessem a seguir os passos de Poirot e mais os de Clouseau...

- Enquanto come uma sandes de couratos e se enfrasca em carrascão de Setúbal, o coordenador da PJ de Portimão, Gonçalo Amaral, coça a cabeça e canta:

Maddie o Musical - cena 13

Kate e Gerry lançam uma nova campanha a realçar o facto de a filha ter um "olho mau", com o objectivo de ajudar à identificação de Madeleine.

- Assistindo a isto, canta Madeleine, lá onde quer que se encontre:


I've seen it all, I have seen the trees,
I've seen the willow leaves dancing in the breeze
I've seen a man killed by his best friend,
And lives that were over before they were spent.
I've seen what I was - I know what I'll be
I've seen it all - there is no more to see!

Maddie o Musical - cena 12

Na sua primeira entrevista, os McCann, sempre de mãos dadas, confessam que a "culpa" que sentem por ter deixado os filhos sozinhos, nunca os abandonará.

- Sem nunca largar a mão do marido, Kate McCann levanta-se e canta:

16.10.07

Maddie o Musical - cena 11


Kate e Gerry regressam de Roma para Faro no jacto emprestado para o efeito por um bilionário britânico. Emocionada ao deixar a "Cidade Eterna", já dentro do avião, Kate vira-se para o marido, segura-lhe a mão e canta:

Maddie o Musical - cena 10

Cidade do Vaticano.
Kate e Gerry, vestidos de preto, são autorizados a aproximar-se do Papa a menos de 1 quilómetro. O Papa, humilde, simples e acessível como sempre, ouve de Kate uma Avé Maria. Gerry dirige Kate.

15.10.07

Maddie o Musical - Cena 9

Kate and Gerry viajam por vários países da Europa como: Madrid, Amesterdão, Berlim e Roma fazendo apelos para encontrarem ou entregarem a sua filha. Em desespero de causa até no Second Life (como se pode ver na imagem) colocaram uma t-shirt para alargar o campo das buscas.

canta o boneco do second life

Maddie o Musical - cena 8


David Beckham, antigo capitão da selecção inglesa de futebol e sex-symbol internacional, com a preciosa ajuda de um teleponto, faz um emocionado apelo televisivo para o regresso de Maddie. Contudo, os raptores ficaram sem perceber se ele se estava a oferecer como moeda de troca.

- Canta David Beckham, como se estivesse no lugar de Maddie:

Maddie o Musical - cena 7


Flashforward.
Noite do desaparecimento de Madeleine. Kate e Gerry fazem um apelo televisivo aos raptores para que "devolvam a sua menina". No seu quarto, Sean e Emily continuam a dormir como uma pedra.

(música de fundo)



Na semana seguinte, os McCann lençam um site na internet para informações sobre a sua filha e aceitam doações para financiar a procura por Maddie. Gerry, debruçado sobre o seu laptop, diz a Kate, enquanto esta escreve o seu diário e bebe o seu chá, que o site rendeu mais de um milhão de libras em doações. Kate entorna o seu chá e canta com Gerry:


I've got the brains, you've got the looks
Let's make lots of money
Let's make lots of -
(Aahhhhh) Money
(Aahhhhh)
(Aahhhhh - Di du da di da bu di ba)

12.10.07

Maddie o Musical - cena 6

Depois de deitar os filhos, Kate junta-se ao marido e, enquanto ambos se encaminham para o restaurante, para se juntarem aos outros, não lhe sai da cabeça a ideia fixa que lhe tem animado os ânimos desde que chegaram à praia da Luz: uma tórrida sessão de swing. Tinha passado os últimos dias a ensaiar com as amigas uma daquelas cançonetas que levam qualquer ser humano à loucura e que, assim o esperava, iria incendiar a líbido dos respectivos maridos:

Maddie o Musical - cena 5


Continua o flashback.
Kate dá um abraço à sua filha, prepara-lhe um "rebuçado" e enfia-a na cama. Debruça-se sobre ela e deseja-lhe bons sonhos. Maddie recusa o "rebuçado".

- Canta Kate McCann:



A spoonful of sugar helps the medicine go down
The medicine go down-wown
The medicine go down
Just a spoonful of sugar helps the medicine go down
In a most delightful way


Maddie toma uma colher de açúcar e aceita o "rebuçado".

(continua)

Maddie o Musical - cena 4

Flashback.
Nessa noite, um pouco mais cedo. No apartamento de férias do Ocean Club, Kate e Gerry preparam-se para a noite fora. Gerry, enquanto vaporiza "Pour Homme" na sua face, tronco e pescoço, lembra a Kate que Madeleine chorou durante horas na noite anterior, quando a deixaram sozinha com os dois gémeos, Sean e Emily. Kate exibe um sorriso enigmático, bate levemente o marido no ombro e diz-lhe que vai pôr as crianças na cama. Ao entrar no quarto, enquanto veste Madeleine com o pijama, a criança diz-lhe: "mother, I had the best day ever".

- Canta Madeleine McCann, hiperactiva (acompanhada em coro pelo gémeos):



I'm so excited, and I just can't hide it
I'm about to lose control and I think I like it
I'm so excited, and I just can't hide it
And I know, I know, I know, I know
I know I want you




11.10.07

Maddie o Musical - cena 3

Com carlopod




Na casa de banho do restaurante do Ocean Club, Kate olha-se ao espelho e repara que as madeixas, que tinha feito há quinze dias, já perderam toda a graça. É notória a consternação na sua expressão preocupada. Solta o cabelo, abana a cabeça como nos anúncios dos champôs, e diz para si mesma: "Que aborrecimento, amanhã tenho de ir ao cabeleireiro". Depois, esbugalha os olhos e lembra-se que tinha de fazer um telefonema. Não se lembra é para onde. "O Mateus Rosé não me faz nada bem à cabeça", diz, ainda em frente ao espelho.
Resolve, então ir até à recepção do aldeamento. Sempre com um ar muito pensativo, chega à recepção e olha para o telefone. A televisão do lobby do hotel estava na Skynews. Kate detem-se, faz um esgar e lembra-se que a filha tinha desaparecido. Olha para o telefone, olha para a televisão e diz para si mesma: "Recusaram-me quando concorri a locutora de continuidade, mas agora vão ter de levar comigo."
Marca um número e canta:



Depois de desligar, pensa: "Se calhar dava jeito telefonar também para a polícia." Faz uma careta, revira os olhos e no fundo do palco aparece a imagem de um homem fardado, baixo, de bigode e com um palito na boca.

Uma garrafa de Mateus Rosé depois, dois polícias aparecem na recepção do Ocean Club. Kate surpreende-se pois se um dos polícias era como tinha imaginado, mas sem o palito, o outro era um rapaz todo garboso. Kate corre para este, com o brinquedo preferido de Madeleine, um gato de peluche, apertado com ambas as mãos entre os seios e diz, com os olhos muito abertos e um desespero na voz: "Mr. Policia, minha Maddie raptada. Eu sei, eu sei... (ligeiros soluços)... cuddle cat dela estar parapeito da window aberto. Maddie muito small para chegar lá, Mr. Policia."

O polícia, que não gostava de Mateus Rosé mas tinha uma especial predilecção por carrascão de Setúbal, olha para os seios arrebitados de Kate e murmura numa voz quase imperceptível: "Ah! se eu fosse esse gato..."

O jovem polícia canta, como num sonho:


Com uma expressão confusa, Kate responde: "Que diz, Mr. Policia?" Ele abana a cabeça, como se despertasse de um sonho, e responde: "Se ao menos o gato falasse, Madame, se ao menos o gato falasse poderiamos ficar a saber o que aconteceu à pequena!"

Os dois são intrerrompidos pelo primeiro polícia algarvio que, enquanto cofia o bigode, como Poirot, acrescenta em tom filosófico: "Nasce a gente e de repente corre este risco sem par de morrer logo à nascença ou de ter que cá ficar". Kate, confusa, volta a perguntar: "Como diz?"

Canta o primeiro polícia:



(continua)

Maddie o Musical - cena 2

Meia noite. No passeio junto à praia, ouvem-se as ondas ao fundo, a lua está cheia e a noite está estrelada. Enquanto a polícia e empregados do Ocean Club procuram por Madeleine, o cardiologista de classe média Gerry McCann, envergando um pólo azul-bébé, olha para o céu, melancólico.

- Canta Gerry McCann:



So my baby's on the road
Doing business, selling loads
Charming everyone there
With the sweetest smile
Oh tonight
I miss you
Oh tonight
I wish you
Could be here with me
But I won't see you
'Til you've made it back again

Maddie o Musical - cena 1


Tapas bar no Ocean Club da Praia da Luz. Oito pessoas sentam-se à volta de uma mesa, conversando e rindo. Em cima da mesa estão 14 garrafas de vinho vazias, incluindo vários "Mateus Rosé".

- cantam todos em coro:


Subitamente, a médica de família Kate McCann aproxima-se da mesa a um passo rápido e grita: "They have taken her! They have taken her!".

- canta Kate McCann:



(continua)

MADDIE O MUSICAL - ESTREIA HOJE


O Sinal de Alarme tem o prazer de anunciar a estreia já hoje de "Maddie o Musical", a peça em 27 capítulos de Irhabi, Razorblade, Allaboutheforest, Remiguel, Any the One e Carlopod, baseada na história verídica de Madeleine McCann, a partir de um guião de Irhabi. Não perca!

8.10.07

Bom Dia!



We're catching bullets in our teeth /
It's hard to do but they're so sweet

Lalalala do dia: Bullets - Tunng.
Video de Tom Haines.

6.10.07

Glory Asshole

Capa da próxima edição da New Yorker, ilustração Narrow Stance de Barry Blitt.

4.10.07

Conferência Epicopal

A igreja católica apostólica de Roma (icar) reune-se em conferência na cidade de Fátima este fim de semana. Já se sabe que um dos pontos de discussão é o repúdio à causa gay e o apoio a esse fantástico país que é a Polónia por estar solidárico com eles nesse mesmo repúdio. Temem que o casamento gay se alastre a toda a Europa. A família heterosexual será o bem mais precioso debatido neste espaço, onde há cerca de 90 anos apareceu a virgem Maria em cima de uma árvore. Ainda se falará da ausência dos valores católicos na Constituição da UE e é possível que se olvide o facto da nova basílica de Fátima, inicialmente orçada em 40 milhões de euros, ter custado 80 milhões de euros que no fundo são amendoins para o santuário de Fátima.
Ainda assim gostaria de saber que legitimidade tem esta instituição que, de entre todas as que existem, é aquela que apresenta o mais vergonhoso passado. Diria mesmo que tem um passado criminoso. A Europa não deve esquecer que teve no passado uma igreja e uma Inquisição, mas daí a colocar a icar na constituição é pedir demais. Os escândalos à volta dela são diários e incluem crimes como pedofilia, tráfico de droga, roubos, violações e outros delitos menores como o sexo com pessoas maiores (que como se sabe é proibido dentro da própria instituição).
E depois vêm falar em Paz, Amor ao próximo e Respeito? Não reconheço a esta instituição qualquer credibilidade nem moral para opinar sobre liberdades individuais, condenar quem quer que seja ou mesmo fazer juízos de valor. Respeito demais temos nós por eles por não os insultarmos depois de terem assassinado milhões de pessoas das formas mais horríveis. Algumas delas ainda hoje nós é dificil de imaginar como foram possíveis de acontecer enre seres humanos, tal é o horror de que se revestem.
Tenho esperança que chegará o dia em que assuntos relacionados com a icar e o futebol nem tenham direito apenas a notas de rodapé.

2.10.07

Especial La Ciénaga

Eu não sei se é de mim se é de ter passado a tarde a ver o Monk mas acabei de ler novas do psd e só me consigo lembrar daquelas histórias de friques que nascem de relações sexuais entre primos, aberrações da consanguinidade, pântanos, dinastias portuguesas, dom duarte, seilá. Leiam lá muito depressa, ao estilo uma cabra-caga-trapos:

O líder parlamentar do PSD Luís Marques Guedes demitiu-se do posto e anunciou a decisão ao novo presidente do partido Luís Filipe Menezes que substitui no cargo Luís Marques Mendes.

Pergunta: Valerá a pena descobrir o padrão Luís Filipe Marques Guedes Menezes? Vejamos os nascimentos,

Luís Maria de Barros Serra Marques Guedes, 1957-08-25
Luís Manuel Gonçalves Marques Mendes, 1957-09-05
Luís Filipe Menezes Lopes, 1953-11-02

Resposta: Não vale a pena. Mas repara-se na sintonia LMG-LMM (e quem sabe da cabala sabe do que falo) e de como era impossível conjugar qualquer deles com LFM.
A propósito, os mais ladinos terão reparado no factor Lopes. Pois. Pedro Remiguel de Santana Lopes nasceu em 1956-06-29. Está tudo dito. A propósito fiz ainda outra descoberta digna de nota: pedrosantanalopes.blogspot.com/
Nota: os dados deste estudo são oficiais, retirados do site do PSD com excepção dos relativos a Menezes que não encontrei por lá e tive que copiar da wikipédia (infelizmente, isto nao é uma piada). É natural que não haja dados sumarentos sobre Menezes no site do psd, já que os senhores do mesmo, tal como o país em geral, não lhe reconhecem qualquer actividade interessante. Aliás, nenhuma actividade; regalai-vos senhores, ri-te manela:



p.s.(d.) - se depois de todo este pasto para a vossa mente ainda se perguntam por que tem esta posta este título, eu respondo: é para me lembrar de comprar o filme na fnac mais logo.

30.9.07

Qual Mourinho Qual Carapuça

Discutimos Santana até mais não durante toda a semana, mas algo não me batia certo. Finalmente, descobri o que era: a verdadeira razão porque Santana não se conseguia aguentar no estúdio mais tempo. Na verdade, ele usou a cena do directo do voo Mourinho como desculpa mas estava preparado para usar ou "Não suporto mais a temperatura deste estúdio e vou-me embora" ou "É lamentável que no camarim não me tenham posto um pacote de amendoins salgados e vou-me embora" ou até, caso nada resultasse, "Ó Any ou pões uma burka ou vou-me embora". Isto porque não conseguia articular uma única palavra (alguém sabe o que estava ele a dizer?? e alguém fucking cares??) sempre que olhava para a pobre Ana Lourenço, predestinada a marcar a história televisiva, e não conseguia tirar da cabeça este momento



Do alto do meu prepúc.. desculpem, púlpito, quero dizer que é tempo de deixarem de chatear a Ana Lourenço com cenas destas, raiospartam.

Subitamente num Domingo, o pior de três mundos

Em Domingos vazios, os neurónios lutam preguiçosamente para não sair da preguiça. Folheiam-se jornais e televisões regados a santana lopes, filipe menezes, slbXscpXfcp, heróis da tv, grandes fotografias insípidas de paisagens que é impossível serem-no, crianças mortas ou raptadas ou tribunalizadas, entrevistas standard, comentadores que deliram sobre tudo mas que a única coisa sobre a qual realmente falam é sobre eles próprios e, os meus mais que adorados porque me divertem a memória, faladores escritores e outros que depois de lerem dois artigos e meio no The Economist, Guardian, NYT ou até nos Els Pais e Mundo, ficam cheios de ideias e capacidades de tradução.

E eis que se descobre num Público que santa Maria Filomena Mónica, do alto da sua adorável arrogância, decide investigar o secretário de estado da educação. E, sem sequer (desta vez) falar de si própria, zurze tão bem zurzido o CV do senhor que fico cheio de vontade de começar a ler os CVs do srs. drs. que nos governam ou querem governar. A resumida investigação de Mónica e o personagem Valter Lemos, o dito sec. d' estado, até dão gosto e valem por uma caixa de Cerebrum. Sabendo nós como ela é dada a encontrar personagens queirozianos já estão a ver as conclusões da coisa: ele nunca fez "um discurso digno de nota", tratam-no por doutor no DR e ele não é, estranha-se que tenha ido parar à presidência de um politécnico sem ter um doutoramento, teve a mais limitada das vidas políticas e a académica enfim, escreveu um livro cheio de normas pseudocientíficas sobre métodos de avaliação escolares e que tem como epígrafe lírico Quem Mais Conhece Melhor Ama e, resume Mónica, o senhor «reúne o pior de três mundos». Sem ter graça nenhuma nem ela pretender tê-la, ri-me que nem um perdido com a crónica da divina marquesa. Experimentem lá, a ver se é de mim ou se a coisa tem mesmo graça: está aqui http://jornal.publico.clix.pt/ na coluna Opinião.

Não há mulheres feias...excepto uma ou duas Camillas


Sabemos que estamos perante uma mulher feia quando a sua representação em cera consegue ser melhor do que a realidade.

27.9.07

Menino Guerreiro.

O menino guerreiro teve finalmente uma atitude digna de registar na história deste país à beira mar plantado. Na noite de ontem abandonou uma entrevista à SIC Notícias onde dissertava sobre as eleições no PPD/PSD. A entrevista foi interrompida para um directo do aeroporto da portela onde chegava mourinho, o ex treinador de um clube londrino. Ao que parece, uma espécie de D. Sebastião. As eleições no maior partido da oposição são de menor importância perante a chegada ao aeroporto deste senhor e da respectiva família.



O menino guerreiro deixou a jornalista a falar sozinha e terá dito "Eu vim aqui com sacrifício pessoal, e sou interrompido por um treinador de futebol Acho que o país está doido. Não vou continuar a entrevista, acho que o país tem que aprender". O director de informação do canal, ricardo costa, disse ainda à TSF que ele fez "um número um bocadinho espectacular".



Apetece-me dizer QUE INFORMAÇÃO DE MERDA.

"Fados"


...de Carlos Saura. O filme mega-sucesso internacional que dizem que está a ser para nós o que "Buena Vista Social Club" foi para Cuba e que está a "colocar Portugal no mapa" passou ontem no São Jorge.

O Fado é a melhor coisa que Portugal trouxe ao mundo. Não seria se não tivesse havido Amália. Essa é a parte chocante do filme: quase não tem Amália. É verdade que o que tem é delicioso: Amália aparece a ensaiar um Fado com Alain Oulman que, ao piano, a vai ensinado como ele deve ser cantado. É o momento mais ternurento do filme. Ela, perdida, tonta, pergunta-lhe "ah mas é assim? então não paro neste verso, continuo?"; ele, derretido, acena com a cabeça e responde-lhe: "continua". Não há mais Amália no filme. Fica-se com a sensação de que não há mais porque se houvesse mais os outros fadistas ficavam esmagados. Mas é pena.

O filme tem outros momentos bons. Há uma cena em que Marceneiro surge a cantar, que tem um detalhe que passa despercebido: começa o fado com o cigarro a meio e, quando está quase no fim da canção alguém lhe chama a atenção que o cigarro lhe está quase a queimar os dedos. Ele não lhe liga nenhuma e continua com o cigarro na mão. Outro momento grande é Argentina Santos, que canta maravilhosamente, mesmo com placa, mas onde a certa altura da canção ela própria parece mostrar que não lhe saíu bem, fazendo uma expressão do género "não era nada disto". Mas era, nós achamos que era. Caetano Veloso canta "Estranha forma de vida" em falsetto. Eu gostei mas à saída do cinema ouvi o Rui Veloso dizer "O Caetano a cantar fado é pior que cuspir na sopa". Apeteceu-me chamá-lo e dizer-lhe: "Rui, tenho uma coisa para te dizer: tu a cantares és pior que o Caetano" e esperar que ele, pela transitividade, deduzisse o que eu queria realmente dizer. Também gostei de ouvir o Chico Buarque a cantar o seu "Fado Tropical" e do cadavérico Vicente da Câmara, que parece um personagem de George Romero. Mariza canta as coisas do costume (podia ter variado um bocadinho). A parte "fado-flamenco" e "fado-hip hop", assim como os bailarinos (inspirados no Amaramália), ingredientes que têm a ambição de colocar o fado num outro patamar de modernidade, eu pessoalmente não achei grande coisa, mas reconheço que sou muito fundamentalista. Para mim todas essas modernices só se salvam porque são trabalhadas pelo excelente director de fotografia Eduardo Serra, aquele português que já foi nomeado duas vezes para os Óscares (uma das quais por "Rapariga com brinco de pérola" e está tudo dito).

O filme vai ser tudo menos consensual mas quanto a mim deve ser visto por toda a gente que gosta de fado, nem que seja para dizer mal. Estreia a 4 de Outubro.

26.9.07

Já está!

Recortei a "trilogia" de artigos de Manuel Maria Carrilho que saíu no Diário de Notícias anteontem, ontem e hoje ("O PS precisa de se renovar a si próprio" - anteontem; "É vital que o Governo mantenha a capacidade de renovação" - ontem; e "Portugal precisa de uma nova República" - hoje). Comprei cola e cartolina, pendurei tudo na parede aqui à minha frente e daqui a bocado já vou começar a pensar.

No poupar é que está o ganho

Comprei hoje o no. 1 da Time Out Lisboa. Uma revista histérica (para nos tentar mostrar uma cidade interessante), desesperada para ser "cool" (um contrasenso, a meu ver) e com uma escrita tão "viva" e "jovem" que o segundo parágrafo de qualquer artigo já é irritante. Mais 2 euros que consigo poupar por semana. YES!

23.9.07

A criança e a Interactividade


A palavra de ordem é interactividade. O futuro é interactivo. As crianças nascem e de imediato lhes é dado a perceber que tudo é passível de ser apreendido, fruído, mexido, bebido, lambido, fodido etc... Numa semana em que a personagem principal é uma criança, o sinal de alarme inquita-se pela liberdade descontrolada destes humanos que nos atormentam cada vez mais em todos os lugares que ocupam. Antes era o porta-te bem, não faças isso, não se fala alto, não chores senão levas, etc... agora é exactamente o contrário. A criança parece ter voltado novamente ao estado de graça que já teve na Idade Média em que todos os aturavam menos os pais. Não fosse a taxa de natalidade estar abaixo da linha d`agua e perigar de nem se aproximar dela, defenderia medidas radicais imediatas. É certo que quem não tem filhos não está para aturar os dos outros, obviamente.

Porém as coisas parecem não caminhar bem. Vamos ao cinema, lá está a criança a perguntar ao pai qualquer coisa e a perturbar a audiência. No supermercado a berraria do costume, do compra-me um selvagem e os pais a desesperar sem saber que raio de porcaria é um selvagem. Vão a um WC público põem-se a olhar para o pénis dos adultos e começam com perguntas parvas. Vão ao museu, aquilo é tudo deles - jogam-se para cima das obras de arte, mexem em tudo, gritam, choram, enfim ... com um bocado de sorte temos o prato completo. Todos os anos a piscina que frequento encerra umas cinco ou seis vezes porque alguma criança vomitou na piscina. Que seca. No meu tempo havia sempre alguém que me fazia ver o meu tamanho. Trata-se de uma questão de respeito para com os outros. O facto de haver cada vez menos crianças não lhes dá o direito de poderem fazer o que lhes apetece. Até porque pode ser extremamente perigoso e eunão ando a pagar impostos para tratar crianças mal formadas e sem a noção das coisas.

Acho bem que existam cada vez mais espaços onde lhes é vedada a entrada. Tanto em hotéis como em museus, cinemas e em muitos outros espaços. No caso dos museus, imaginem obras de arte de valor incalculável à mercê de uma criancinha com a mania que é esperta e que aquilo é tudo dela (ok, a Amazónia do Julião Sarmento tem ar de parque infantil, mas mesmo assim há limites para tudo). A Laurinda Alves, tão protectora, podia abrir um local onde se ensina as criancinhas a respeitar o mundo que os rodeia. Desde os seres humanos, animais, vegetais a seres inanimados, porque até esses merecem respeito.

21.9.07

MADDIE O MUSICAL - Estreia já na próxima semana!



Rendemo-nos.
Durante vários meses tentámos evitar, no Sinal de Alarme, entrar na onda de extremo mau gosto que invadiu o país inteiro e o mundo, em relacao ao caso Maddie, a menina inglesa desaparecida da praia da Luz, no Algarve. Mas um homem nao é de ferro. Resistimos heroicamente durante todo este tempo, agora nao aguentamos mais.

É por isso que temos a honra de anunciar, neste dia em que o Sinal de Alarme comemora o seu primeiro aniversário, a estreia, já na próxima semana, de MADDIE - O MUSICAL, onde iremos contar em 6 Actos a história que apaixonou, apaixona e ainda irá apaixonar o mundo inteiro durante mais algumas décadas.

Tivémos já uma importante colaboracao dos nossos fiéis leitores para a escolha do elenco. Com base nela estamos já a fazer os convites. Em querendo, podem também dar a vossa colaboracäo para sugestöes de cancöes para integrar o musical. Basta que se lembrem dos principais factos que marcaram esta estória (exemplo: o que se terá passado no quarto do Ocean Club, no restaurante, o papel dos pais, do peluche "cuddle cat", do pedófilo da aldeia Robert Murat, a chegada dos jornalistas, a Sky News, a Sandra Felgueiras, o povo, os algarvios, os ingleses, a Igreja da Luz, a visita ao Papa, as organizacoes secretas, as polícias, o inspector Olegário, os governos, os cäes, os testes de ADN, etc.) e sugiram cancões representativas para cada um desses momentos.

Para vos abrir o apetite deixamo-vos já com uma das cancöes que vão fazer furor em MADDIE - O MUSICAL.
Senhoras e Senhores, no papel principal de Maddie em MADDIE O MUSICAL, Luís Marques Mendes canta-vos "Adeus Maezinha eu Vou Partir" (clap! clap! clap! clap!):







17.9.07

Publicidade

O tema do nosso quiz semanal em http://alarmequizzes.blogspot.com/ é Publicidade.
Prontos para recordar velhas glórias?
Cá vamos nós.

16.9.07

MADDIE O MUSICAL - Em pré-producão


Antecipando-se a Filipe La Féria e a Andrew Lloyd Webber, o Sinal de Alarme anuncia a pré-produçao de "Maddie - o Musical". Mais detalhes serao divulgados ainda esta semana. Esteja atento!

13.9.07

SOCOLARI 1 - SÉRVIO GRANDE 0

Até que enfim!! A minha alma rejubila de orgulho nacional! O futebol está salvo! O jeitinho brasileiro chegou para arrasar! Só ainda não percebi se a manobra veio do boxe ou da capoeira, mas que foi com estilo e sabedoria, lá isso foi. E, cá por mim, este socolari só foi possível com a ajuda de Nossa Senhora. Se no Mundial, Zidane foi brilhante, Socolari agora foi um deus.

E, claro, não resisto a apresentar em detalhe este momento de arte. Camaradas, amanhã vamos todos pôr as luvas de boxe à janela?



E bumbameuboi, sérvio ao chão! Toma que já almoçaste! Agora, a grande questão: que disse o sérvio ao socolari?

12.9.07

Tremoços

Aqueles desgraçados na Indonésia já não podem beber uma cervejinha nem comer uns tremoços descansados sem temerem que lhes apareça a qualquer momento um terramoto a entornar tudo.

Crime always shines on TV



Alguns factos aleatórios:

1. A percentagem de assassinatos que ocorrem numa série de televisão (tipo CSI e variantes) é mil vezes superior à que existe na realidade.
2. Na televisão os crimes são todos resolvidos e os culpados levados à justiça. Na vida real a maioria dos crimes nunca chega a ser resolvido. 80% dos assassinatos é resolvido, mas menos de 20% dos ladrões é apanhado. A possibilidade de alguém que cometeu um crime ir parar à prisão é aproximadamente de 1 para 100.
3. Apesar de os raptos de crianças ganharem cada vez mais espaço nos tempos informativos, representam menos de um 1% no índice de criminalidade violenta.
4. Na última década o crime violento tem descido continuamente, nalguns casos mais de 10%. No entanto, a cobertura jornalística deste tipo de crimes subiu 240%.
5. O número de homícidios desceu continuamente nos últimos anos. A cobertura jornalística dos homicídios aumentou cerca de 330%.
6. Nas séries tipo "fast-crime", os laboratórios são todos ultramodernos, há sempre um dos investigadores que percebe de todas as áreas e os resultados podem ser obtidos em cinco minutos. Na vida real, a larga maioria dos melhores laboratórios forenses tem instalações exíguas, luta constantemente com falta de meios financeiros, os resultados chegam a demorar meses e, claro, não têm nenhum super-cientista que percebe de tudo.
7. Em ficção, os investigadores conseguem sempre descobrir e manter as provas intactas, tal como lhes é bastante fácil contornar a lei de forma a poderem obter resultados. Na vida real, a recolha e validação da prova é bastante mais complexa e difícil, podendo mesmo uma prova não ser utilizada por a sua obtenção não ter seguido métodos previstos na lei.
8. Mais de 50% das pessoas acha que existem demasiada violência na televisão. Uma percentagem ainda maior acredita que a televisão é um espelho da realidade.
9. Cerca de 60% das pessoas acha que os noticiários dão demasiada atenção a histórias relacionadas com crimes.
10. Cerca de 70% dos consumidores de informação sobre crimes tem menos de 30 anos.
11. Cerca de 60% dos crimes contra mulheres e crianças têm origem no meio familiar. Estes crimes representam apenas cerca de 25% das notícias sobre crimes em que as mulheres e as crianças são vítimas.
12. Cerca de 80% das notícias sobre homícidios, o crime é cometido por um estranho à vítima. No entanto, os homicídios cometidos por estranhos representam menos de 20% do total. Ou seja, dá-se menos relevância jornalística aos crimes cometidos por alguém com uma relação de parentesco ou afectiva com a vítima apesar destes serem a esmagadora maioria.
13. Em Janeiro de 2007 foi feito um inquérito em 2005 sobre crime e segurança envolvendo os 15 membros mais antigos da União Europeia, Polónia, Hungria e Estónia. Foram inquiridos mais de 41.000 europeus. Os resultados não podem, porém, ser comparados com os dados fornecidos pelas polícias. Ainda assim, uma das principais conclusões foi de que os índices de criminalidade tinham descido nos últimos dez anos.
14. O mesmo estudo aponta o Reino Unido, a Irlanda, a Dinamarca e a Holanda como os "hotspots" da criminalidade na Europa. Grande parte dessa criminalidade é associada ao consumo excessivo de álcool.
15. 30% dos cidadãos respondeu nesse inquérito que não se sente seguro nas ruas. Portugal é o quarto país que mais se sente inseguro nas ruas depois do anoitecer (Grécia, Luxemburgo e Itália estão no topo).
16. Dos "hotspots" europeus, a Irlanda lidera nos crimes sexuais e assaltos e a Holanda nos crimes motivados por ódio racial.
17. Os 3 países do Benelux estão entre os seis primeiros com maior número de crimes por ódio.
18. O Reino Unido tem uma das mais altas taxas de roubo e atentado à propriedade privada sendo também o país com maior número de alarmes per capita.
19. Apesar das elevadas taxas de criminalidade, tanto a Dinamarca como a Irlanda colocam as suas polícias no topo da eficiência, juntamente com a Finlândia, Áustria e Reino Unido. Portugal aparece a meio da tabela no índice de confiança da polícia, acima da Suécia, França e Espanha.
20. Um grande número dos europeus, entre 30% e 60%, não apresentou, no entanto, qualquer queixa na polícia quando foi vítima de roubo.
21. Este ano, a Unicef lançou um relatório sobre o bem-estar infantil nos 21 países ricos. Foram avaliados 40 indicadores, referentes a um período entre 2000 e 2003. Do pior para o melhor, o ranking é este: Reino Unido, Estados Unidos, Hungria, Áustria, Portugal, França, República Checa, Polónia, Grécia, Canadá, Alemanha, Bélgica, Irlanda, Itália, Noruega, Suiça, Espanha, Finlândia, Dinamarca, Suécia e Holanda.

Esta lista foi compilada em várias informações disponíveis na rede. Os dados referem-se, na maioria, à Europa e América do Norte. Valem o que valem, mas não deixam de ser curiosos.