12.9.07

Crime always shines on TV



Alguns factos aleatórios:

1. A percentagem de assassinatos que ocorrem numa série de televisão (tipo CSI e variantes) é mil vezes superior à que existe na realidade.
2. Na televisão os crimes são todos resolvidos e os culpados levados à justiça. Na vida real a maioria dos crimes nunca chega a ser resolvido. 80% dos assassinatos é resolvido, mas menos de 20% dos ladrões é apanhado. A possibilidade de alguém que cometeu um crime ir parar à prisão é aproximadamente de 1 para 100.
3. Apesar de os raptos de crianças ganharem cada vez mais espaço nos tempos informativos, representam menos de um 1% no índice de criminalidade violenta.
4. Na última década o crime violento tem descido continuamente, nalguns casos mais de 10%. No entanto, a cobertura jornalística deste tipo de crimes subiu 240%.
5. O número de homícidios desceu continuamente nos últimos anos. A cobertura jornalística dos homicídios aumentou cerca de 330%.
6. Nas séries tipo "fast-crime", os laboratórios são todos ultramodernos, há sempre um dos investigadores que percebe de todas as áreas e os resultados podem ser obtidos em cinco minutos. Na vida real, a larga maioria dos melhores laboratórios forenses tem instalações exíguas, luta constantemente com falta de meios financeiros, os resultados chegam a demorar meses e, claro, não têm nenhum super-cientista que percebe de tudo.
7. Em ficção, os investigadores conseguem sempre descobrir e manter as provas intactas, tal como lhes é bastante fácil contornar a lei de forma a poderem obter resultados. Na vida real, a recolha e validação da prova é bastante mais complexa e difícil, podendo mesmo uma prova não ser utilizada por a sua obtenção não ter seguido métodos previstos na lei.
8. Mais de 50% das pessoas acha que existem demasiada violência na televisão. Uma percentagem ainda maior acredita que a televisão é um espelho da realidade.
9. Cerca de 60% das pessoas acha que os noticiários dão demasiada atenção a histórias relacionadas com crimes.
10. Cerca de 70% dos consumidores de informação sobre crimes tem menos de 30 anos.
11. Cerca de 60% dos crimes contra mulheres e crianças têm origem no meio familiar. Estes crimes representam apenas cerca de 25% das notícias sobre crimes em que as mulheres e as crianças são vítimas.
12. Cerca de 80% das notícias sobre homícidios, o crime é cometido por um estranho à vítima. No entanto, os homicídios cometidos por estranhos representam menos de 20% do total. Ou seja, dá-se menos relevância jornalística aos crimes cometidos por alguém com uma relação de parentesco ou afectiva com a vítima apesar destes serem a esmagadora maioria.
13. Em Janeiro de 2007 foi feito um inquérito em 2005 sobre crime e segurança envolvendo os 15 membros mais antigos da União Europeia, Polónia, Hungria e Estónia. Foram inquiridos mais de 41.000 europeus. Os resultados não podem, porém, ser comparados com os dados fornecidos pelas polícias. Ainda assim, uma das principais conclusões foi de que os índices de criminalidade tinham descido nos últimos dez anos.
14. O mesmo estudo aponta o Reino Unido, a Irlanda, a Dinamarca e a Holanda como os "hotspots" da criminalidade na Europa. Grande parte dessa criminalidade é associada ao consumo excessivo de álcool.
15. 30% dos cidadãos respondeu nesse inquérito que não se sente seguro nas ruas. Portugal é o quarto país que mais se sente inseguro nas ruas depois do anoitecer (Grécia, Luxemburgo e Itália estão no topo).
16. Dos "hotspots" europeus, a Irlanda lidera nos crimes sexuais e assaltos e a Holanda nos crimes motivados por ódio racial.
17. Os 3 países do Benelux estão entre os seis primeiros com maior número de crimes por ódio.
18. O Reino Unido tem uma das mais altas taxas de roubo e atentado à propriedade privada sendo também o país com maior número de alarmes per capita.
19. Apesar das elevadas taxas de criminalidade, tanto a Dinamarca como a Irlanda colocam as suas polícias no topo da eficiência, juntamente com a Finlândia, Áustria e Reino Unido. Portugal aparece a meio da tabela no índice de confiança da polícia, acima da Suécia, França e Espanha.
20. Um grande número dos europeus, entre 30% e 60%, não apresentou, no entanto, qualquer queixa na polícia quando foi vítima de roubo.
21. Este ano, a Unicef lançou um relatório sobre o bem-estar infantil nos 21 países ricos. Foram avaliados 40 indicadores, referentes a um período entre 2000 e 2003. Do pior para o melhor, o ranking é este: Reino Unido, Estados Unidos, Hungria, Áustria, Portugal, França, República Checa, Polónia, Grécia, Canadá, Alemanha, Bélgica, Irlanda, Itália, Noruega, Suiça, Espanha, Finlândia, Dinamarca, Suécia e Holanda.

Esta lista foi compilada em várias informações disponíveis na rede. Os dados referem-se, na maioria, à Europa e América do Norte. Valem o que valem, mas não deixam de ser curiosos.

6 comentários:

carlopod disse...

o medo é o sentimento humano mais irracional e aquele que é mais explorado para fins de manipulação.
se houvesse uma estatística que comparasse o medo que as pessoas têm de ser cometido um crime sobre elas com os crimes que efectivamente são cometidos sobre as pessoas e déssemos a essa diferença o nome de "infelicidade irracional", ficávamos com uma noção da estupidez que grassa por aí. ele é medo de ser assaltado, é medo dos terroristas, é medo do governo, é medo dos colegas, é medo das doenças... não falta quem saiba explorar isso em proveito próprio: os mestres são as televisões (por causa das audiências) e os políticos de direita (a pedir sempre mais polícias), dos quais os gurus são a dupla bush/cheney e, em portugal, o paulo portas e agora até o marques mendes, que aproveitando o assassínio de viseu veio dizer que a culpa da insegurança que as pessoas sentem é do governo.
sabedoria tem o dalai lama, que não tem medo de nada e é feliz porque acredita que se lhe acontecer algum azar há-de ter sorte noutra reencarnação.

allaboutheforest disse...

interessante

ps: acabaram de me contar que uma mãe portuguesa matou os filhos com uma faca electrica de cozinha. parece que finalmente estamos a sair do anonimato.

ps2: espero que alguém pegue nisto e faça um filme.

carlopod disse...

eu sugiro que convidem o tobe hooper para o realizar

indigente andrajoso disse...

ou gaspar noé...

aliás a gestão do medo e o que move a politica internacional... ja viram o documentario que meti no indigente?

carlopod disse...

vi agora até ao fim. paranóico mas tem imensa piada.

Anónimo disse...

Concordo,
"Viseu, Massacre da Serra Eléctrica" deveria ser o filme de abertura do próximo Motelx.

PS. Mesmo nos assassínios nota-se a evolução de Portugal, a preocupação ecológica em usar uma arma eléctrica e não a gasolina, ou pior ainda usando químicos como alguns turistas