Umas boas dezenas de anos depois do desaparecimento de Maddie, o caso continuava por resolver e a alimentar pequenas notícias conspirativas no The Sun e no Correio da Manhã. Durante todo esse tempo, vários turistas europeus continuavam a afirmar terem visto a pequena Maddie em Marrocos. O último caso, tinha sido protagonizado pela Infanta Leonor, já Rainha de Espanha, que garantia a pés juntos ter visto uma criança loura, com uma mancha no olho, a ser enfiada pelos cabelos dentro de um carro.
Pelo meio, foram veiculadas pelos jornais muitas teorias da conspiração, que se esfumavam na espuma dos dias à mesma velocidade com que apareciam.
A polícia portuguesa continuava a dizer que todas as possibilidades continuavam sob investigação; os jornais ingleses continuavam, no seu tradicional nacionalismo parolo, a acusar de absoluta inépcia a polícia portuguesa, em partitcular, e todos os portugueses em geral, enquanto os jornais portugueses, delirantes por qualquer conspiraçãozinha, afirmavam que o caso nunca seria resolvido por pressão da diplomacia britânica e do MI5. Indiferentes a tudo isto, os ingleses continuavam a comprar casas e a fazer férias no Algarve e a embebederam-se com Mateus Rosé, os portugueses continuavam a achar que Londres era o mundo, e ambos, quando questionados sobre o caso, respondiam "Maddie who?" Igualmente indiferentes a todo o caso estavam os gémeos McCann que, já maiores de idade, enveredaram por uma fulgurante carreira na indústria do cinema para adultos com o cognome de "Os Gémeos Maravilha". Nunca mais voltaram a Inglaterra e só telefonavam à mãe no Natal.
Entretanto, Gerry, que era um lírico e acreditava no Pai Natal, resolvera seguir um dia uma dessas pistas marroquinas e nunca mais voltara. Ou melhor, desaparecera sem deixar rasto. Kate, a quem o Alzheimer começava a tolher os sentidos, lançou uma nova campanha, desta vez para encontrar o marido. Junto com a tradicional foto de rosto, Kate resolveu divulgar uma foto do rabo do marido, argumentando que aquele grande sinal na nádega esquerda era um dos seus mais evidentes traços distintivos. Como Kate sempre teve o perfil ideal para ser a má da fita nesta história, não faltaram as acusações de que aquilo não era um sinal mas uma cicatriz, resultado da continuada violência sexual exercida sobre o marido.
Involutariamente alheia a todas essas polémicas, Kate voltou a fazer um périplo europeu, desta vez por causa do marido. Ao já famoso peluche que nunca largava, juntou umas algemas que, segundo ela, era o brinquedo preferido de Gerry. Por não ter mais ninguém e por o seu estado de saúde já não permitir grandes aventuras, Kate passou a ser sempre acompanhada por Maud, a sua assistente que, com o tempo e as argruras da vida, se tornara no seu braço direito e melhor amiga. Não foi preciso muito tempo para que as más línguas começassem a dizer que Maud era sua amante.
Mas isso estava bastante longe da realidade. A constante presença de Maud junto de Kate tinha uma razão bem mais prosaica. Os tratamentos à base litium, acompanhados com generosas doses de Mateus Rosé Late Bottle Vintage, foram reduzindo, com o tempo, a autonomia de Kate, acabando por se tornar completamente dependente de Maud.
Deitada na penumbra de um quarto de hotel de Roma, com Maud sentada ao seu lado a ver a Sky News, Kate canta...
(Continua para a última cena...)
9.11.07
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3 comentários:
Brilhante!
essa Maud tem muito bom ar...
obrigado, myshadow!
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