9.10.06

Orelhão Crítico: Marisa Monte



Já sei que boas almas, de muitos bons gostos, se apressarão a zurzir-me, mas, eia!, tende calma! Venho partilhar com vocês o mais recente disco da Marisa Monte. Aliás, dois: chamam-se Infinito Particular e Universo ao Meu Redor.
São muito simplinhos, mas, claro, como se nota pelos títulos, são trabalhos conceptuais com elevadas aspirações. Nos dois discos, já encontrei duas canções que me sabem bem. Há dias assim. É certo que um versinho ou outro atrapalha; é certo que a vi ao vivo no Coliseu dos Recreios há uns anos e achei uma seca cor de rosa; é verdade que mal escutei os últimos discos que me soaram aborrecidos; mas admito que tenho uma pancada por ela. Há coisas assim. Acho que por causa de ela me ter acertado quando eu era pequenino com um disco todo jeitoso com músicas antigas - penso que levava como título só o seu nome. A verdade é que aquilo me conquistou e ainda hoje me bate bem (admito um gosto particular por Preciso me Encontrar, Comida, Ando Meio Desligado e a sua versão de Bess, You Is My Woman Now).
Agora, decidi-me a ouvir o(s) novo(s) disco(s) e aconselho a quem não se aborrece com albúns conceptuais minimalistas. Do príncipio ao fim é sempre o mesmo som, o mesmo dizer, o mesmo cantar. Há, isso sim, uns versos ou outros melhor burilados, a voz ainda mais assereiada aqui e ali e uma bondade brasileira (só para quem gosta) que trespassa tudo. A mim, está a saber-me bem. Soa-me ao sabor de bolachinhas maria em chá de limão, ao gosto de um chá de cereja preta (achado no elcorteingles, uma pérola), (preparem-se para o lugar comum que é dos bons: àquelas caipirinhas em final de tarde de verão num bar bonito enterrado na areia de uma praia semideserta, a certos nasceres do sol, quando ele nasce mais tremidinho e acalorado; à vista do tejo a ondular desde certos terraços. Soa-me bem, portanto (e provoca-me sinestesia, como se cheira).
Mais: a Marisa Monte é gira, tem bom gosto (admito, talvez menos numa música ou noutra - ou em muitas músicas, pronto), é esperta e até inteligente, até mais, é sabiá, tem voz de sereia e canta docinho. É só para quem é guloso (o disco depois enjoa) e não lhe guarda ressentimentos por aquelas músicas de chôpingcentre que faz de vez em quando.

2 comentários:

carlopod disse...

já percebi de quem o reluis quer ter o filho. eu também me deixava embalar pela voz de sereia da marisa monte, mas aquelas letras dão cabo de mim: beija eu? amor I love you? besta é tu? ensaboa? não quero dinheiro, só quero amar?
assim, nem adoptado.

remiguel disse...

Ele tem muitas canções parvas, lá isso tem. Até quero um filho dela, mas já tenho outra mãe na lista muito melhor colocada