19.8.07

A Economia e a Saúde

Quando comecei a ver Sicko, do considerado por muitos "inimigo n.º 1 dos EUA", pensei de imediato que tinha que postar aqui no blog algumas das situações que me foram apresentadas no início e com as quais fiquei escandalosamente indignado. porém à medida que o filme continuava a indignação passou a incredulidade. confesso a minha ignorância mas eu não estava mesmo a acreditar que aquilo pudesse acontecer. Não dá para acreditar que a considerada "economia mais desenvolvida do mundo" tem situações como esta: imagina que tens o azar de cortar, literalmente, duas partes de dois dedos. vais ao hospital. é bom que o teu seguro de saúde (doravante SS) tenha acordo com um hospital que esteja perto da zona onde te encontras senão bem podes dizer adeus aos dedinhos. também é bom que o teu SS cobre despesas de ambulâncias e outras que para nós são totalmente gratuitas mas que para os americanos são pagas a preço de platina. depois já nas urgências és confrontado com a situação de que o teu SS não cobre o acidente e tens que pagar $60 000 (sessenta mil dólares) para repor um dedo e mais $12 000 (doze mil dólares) para repor o outro (a diferença tem a ver com o tamanho do corte). se só tiveres dinheiro para um - só recolocas um. se tiveres para os dois recolocas os dois. porém, e o mais extraordinário, é que se não pagares ficas sem os dois. ainda que estejas ali, frente a uma equipa de médicos à espera que tu decidas se queres ou não e quantos dedos queres ter de volta. as palavras faltam-me.

Dizem os entendidos que a economia é que manda e tudo é feito em nome dela. tornar a economia implacável dinâmica e competitiva é o futuro - dizem os mais radicais. os países socialistas, como os europeus, têm que avançar para este fantástico sistema de saúde dizem outros.

O filme já foi proibido de estrear nos EUA. as dúvidas que me assaltaram foram mais do que muitas. como é que é possível existir um país que trata as pessoas assim? é provavelmente a situação mais horrível de que tomei conhecimento nos últimos anos. desconhecia-a por completo. um ser humano não ter acesso a um SS no Ruanda ou noutro país em vias de desenvolvimento ainda percebo, agora na tão badalada maior e melhor democracia e economia do mundo e arredores é que me choca um bocadinho. às farmaceuticas não lhes interessa descobrir vacinas - interessa-lhes sim chular os seres humanos que têm o azar de contrair uma doença e que delas necessitam.

Michael Moore não fez um filme extraordinário. mas fez um documentário que nos perturba. sobretudo agradou-me a parte em que quebrou o embargo a Cuba levando consigo, a muito custo diga-se, 3 indivíduos para serem lá tratados que de outra forma não teriam outra hipótese de verem a sua situação melhorada. as várias comparações feitas com países europeus (ditos socialistas) e o Canadá são absolutamente escandalosas.

Compreende-se facilmente a proibição do filme na "fabulosa maior economia do mundo" e ainda bem que assim é, pois correríamos o risco do país ficar apenas com aqueles que por falta de dinheiro para comprar um bilhete não conseguem sair de lá. tenho pena que muitos portugueses não vão para lá viver.

7 comentários:

carlopod disse...

uau voltou cheio de pica
onde é que tu viste o sicko?

allaboutheforest disse...

em casa.

Anónimo disse...

emprestas??? :)

carlopod disse...

ena, alguém q não está de férias, forest!
eu tb quero!

allaboutheforest disse...

é uma questão de se combinar.

Anónimo disse...

o carlop combina e apita

allaboutheforest disse...

acho que estreia nos cinemas em Portugal dia 22 deste mês.