Afinal vou votar 'Não'

Eu estava um bocado indeciso nesta questão do aborto, mas os movimentos a favor do 'Não' já me convenceram a votar com eles, depois de me conseguirem aterrorizar com os seus sábios argumentos sobre os perigos que podem advir para Portugal de uma eventual vitória do 'Sim'. Por exemplo:
- o Governo começa a fechar todas as maternidades que ainda sobram para abrir lá clínicas de aborto;
- as listas de espera nos hospitais vão aumentar porque os abortos passam à frente;
- o Estado e os comunistas vão começar a andar atrás das mulheres para as obrigar a abortar;
- as mulheres que não quiserem abortar vão ter que passar a ir ter os filhos a Badajoz ou então têm que os ter clandestinamente, na diocese de Braga ou no (readaptado) navio 'Women On Waves';
- segundo contas do economista João César das Neves, o défice vai disparar outra vez por causa do financiamento dos abortos, já que as mulheres vão passar a trocar telemóveis por abortos para aderir à nova moda (a única solução para não aumentarem o défice era cortarem no subsídio de amamentação);
- a SIDA vai-se propagar porque as pessoas deixam de usar preservativo, uma vez que podem fazer abortos;
- a proliferação do sexo sem ter em vista a procriação degenera em homossexualidade;
- a pena de morte volta a ser instituída na Constituição, para ser coerente com a legislação do aborto (se não o fizessem, a Constituição passaria a ser ilegal);
- os muçulmanos (que nunca abortam) passam a ser mais que os cristãos e mandam-se para cá todos, pondo em risco a pureza da raça;
- o 'Toys r'Us' pode fechar as portas, por falta de clientela;
- os Tamagochis vão ser perseguidos e serão mortos todos aqueles que sobreviverem mais que dez semanas (partem-lhes o LCD);
- um avatar de Herodes pode voltar à Terra para matar todas as criancinhas que sobreviverem aos abortos;
- o Papa excomunga-nos a todos e só resta à nossa alma arder nas profundezas dos Infernos;
- Nossa Senhora de Fátima abandona Portugal e muda-se para Czestochowa, na Polónia (o país mais próximo onde o aborto ainda não é legal).