8.7.07

Tintim na América #1



Aeroporto George Bush, Houston.
Afinal vim parar bem mais longe do que ao Dark Side of the Moon. Preparem-se vocês também para uma viagem à América profunda, aquela onde a realidade, aqui ou no Iraque, supera sempre Hollywood.

O projéctil que me levou em busca da América demorou dez horas e meia a fazer o trajecto Londres-Houston. O piloto culpou os ventos, eu culpo a trajectória que ele fez. Mas a viagem não foi má: havia uma escolha de 250 filmes e 250 séries de televisão. Demasiada escolha! Não consegui ver nenhum, limitei-me a ler sinopses e a ver trailers. Devo ter visto uns 150 trailers.

Houston foi só mais uma escala. Enquanto esperava pelo próximo voo, no aeroporto George Bush, percebi logo que estava num mundo diferente: tinha chegado ao planeta de origem de Jabba the Hutt, o monstro morbidamente obeso e hermafrodita de Star Wars. É impressionante. Os monstros passeiam-se no terminal do aeroporto com dificuldade, são obesos mas não maciçamente obesos como em Portugal ou na Europa. São muito obesos e em sítios improváveis, deformados, enormes, moles, com rabos e barrigas enormes, a cair para os lados... E são todos assim. Lembro-me de ter visto em Super Size Me que Houston é a cidade com mais obesos da América. Na obesidade, mais do que em tudo o resto, faz sentido a frase de que os texanos tanto se orgulham e que se lê em todas as matrículas deste Estado: "Everything is bigger in Texas". Pergunto-me: porquê??? mas porquê??? E, num daqueles raros momentos em que me sinto iluminado, olho para baixo e encontro a resposta: estou sentado num restaurante tex-mex do aeroporto chamado Chilly's, à frente de um gigantesco prato de "totopos con salsa picante", que me custou 2 dólares e bebo uma margarita carregada de sal e açúcar que deve ser mais ou menos de um litro.

Esta descoberta brilhante levou-me a outras divagações. Lembrei-me, por exemplo, que de cada vez que venho à América, cago diferente. Enquanto em Portugal largo umas caganitas, na América não. São uns cagalhões enormes, que se espraiam por toda a sanita, grossos, poderosos, invasivos. Enquanto estou com estes pensamentos, sou admoestado por uma intervenção do meu companheiro de viagem, que se lamenta, ao ver uma senhora com um rabo ainda maior que os outros, que "o rimming ali deve ser difícil".

Embrenhado nestas asserções filosóficas, decidi perguntar-me, como se perguntou Bernard-Henri Lévy na "Vertigem Americana":
- Não será esta execração anti-americana uma forma de fascínio?
Pensei um pouco e respondi-me:
- Não.

7 comentários:

allaboutheforest disse...

como as sanitas estão sempre meias de água, quando o cagalhão cai lá dentro deves ficar todo encharcado. hehe

É mesmo caso para nos sentirmos em marte.

allaboutheforest disse...

tira fotos para a malta ver.

any the one disse...

grande tintim, nunca tinhamos entrado tão a fundo na tua intimidade...se mais cedo soubessemos disso, ter-nos-íamos quotizado para te enviar ao país dos obesos mais cedo. queremos saber tudo...surpreende-nos

Anónimo disse...

TMI-Too Much Information. Hasta luego.

Anónimo disse...

Força! deve ser muito duro estar rodeado por esse monstruos. Por isso eu mandei carimbar o meu passaporte na Habana, assim, mesmo querendo, não me deixam entrar!

Tira Fotos para poder ver as coisas e ser que espero nunca ver cara a cara!

carlopod disse...

na verdade também estranhei que me deixassem entrar. o meu passaporte também devia ser dissuasor..
vou tentar contar tudo, mas como compreenderão não tenho sempre acesso à net..

Anónimo disse...

ando há uma semana a pensar no rimming americano! que bonita imagem criou esse poeta

E essa relação entre o tamanho do cagalhão, grosso poderoso e invasivo, e a vertigem americana devem dar uma tese!