E nós????
Não vou apresentar qualquer tipo de justificação para este post porque me conhecem e sabem que não tenho qualquer tipo de tendência xenófoba, racista ou discriminatória.
Aos poucos fui percebendo que havia cada vez mais imigrantes em Portugal. Aqui e ali havia indícios de pessoas de outros países com várias cores, várias culturas e todas as outras coisas que a gente sabe. Mas agora chegamos mesmo ao momento em que temos que concluir que fomos invadidos. Os brasileiros estão a tomar o país de assalto. Existem pessoas de nacionalidade brasileira em todos os sítios. Repito: em todos os sítios possíveis e imaginários. No trabalho, no café, na piscina, na fila para o pão, no museu, no teatro, no restaurante, na sauna, no ginásio, na televisão, no futebol, na discoteca, no raio que o parta, enfim em todos os locais onde estamos para além de livros e sites traduzidos em Português do Brasil. A coisa é tão grave que já tenho alguma dificuldade em suportar o sotaque. Ainda por cima somos mal tratados, ostracizados e culpados de problemáticas relativas a questões históricas. Compreendo que as instituições nem sempre funcionam e quando funcionam podem funcionar mal e que estes cidadãos estrangeiros pagam impostos e geram riqueza. Mas perante tal invasão nem o país mais orgaizado do mundo poderia responder com a eficácia desejada. Conheço pessoas que, neste momento, já nem podem ouvir falar brasileiro (para os mais puristas Português com sotaque do Brasil) e as frases que lhes saem da boca são tudo menos agradáveis de ouvir. Conheço inclusivé locais onde é dificil encontrar pessoas à nossa volta que falem Português de Portugal (por exemplo Ericeira). Existem ainda locais comerciais onde todas as pessoas que lá trabalham são brasileiras. Mas suponho que estamos ainda a meio de algo e outros cem mil se preparam para chegar. É certo que os portugueses não querem fazer determinados trabalhos e que são os imigrantes que os fazem, mas será que não existe outra solução para este problema? O Brasil está a escolher Portugal como alvo preferencial. E nós? Será que não podemos escolher não ser invadidos?
Uma atitude discreta à semelhança daquilo que acontece com a comunidade asiática e de leste seria o mais desejado. Quase nem se dá por eles. É necessário ter este fenómeno em atenção pois é um potencial gerador de problemas sociais para ambos os povos, português e brasileiro.
ps. se a rapariga que anda na minha pista da piscina ler este post, fique a saber que detesto que me agarrem ou que se colem a mim.
17 comentários:
Eu também tenho tido más experiências com alguns brasileiros que conheci em Portugal, especialmente gays brasileiros. Mas generalizar ou dizer-lhes para não vir é de facto racismo e xenofobia e é fazer o jogo da extrema-direita. Mesmo que inconscientemente.
Eu não acredito em fronteiras. Os países não têm razão de existir, são um conceito relativamente recente na história da humanidade. Somos todos seres humanos e vivemos todos numa bola redonda achatada nos pólos a que se chama Terra e devíamos todos ter o direito de nom movimentar nessa bola redonda para onde nos apetecesse. Os pássaros podem fazê-lo.
os pequenos racismos/nacionalismos são de facto muito curiosos. e perigosos, já que se intrometem por questões tão mínimas que só têm tendência a crescer. seria interessante analisar esta opinião do forest, mas fico-me por sublinhar este "Quase nem se dá por eles. (em relação aos imigrantes de Leste)" É pôr a mão na consciência e descobrir onde é que está o ismo disto.
já agora, admito, também tenho os meus racismos/etcismos. por exemplo, prefiro mil vezes ser atendido por um empregado de loja, de mesa, de bar e etc, brasileiro: são os mais eficientes, atenciosos, respeitosos e simpáticos a atender. Deviam dar cursos aos empregados portugueses em geral.
exactamente... esse "quase nem se dá por eles" é igualzinho ao que o le pen diz dos imigrantes portugueses, que são os "bons imigrantes" e que votam nele, ao contrário dos do magreb, que são os "maus".
qual é o mal de se dar por eles?querias que na rua só se visse gente branca, loira e de olhos azuis como eu e tu, é isso?
o rapaz esta só irritado... já lhe passa...
de facto estão ca muitos brasileiros... e depois?
penso que é natural todos termos sentimentos de racismo, é uma questão cultural, mas o que nos diferencia dos racistas é o facto de conseguirmos evoluir e não nos ficarmos pelo dogma.
penso que com esta nova vinda de estrangeiros portugal ganha, para alem da economia, com esta miscigenação cultural e temos muito para ganhar com a "alegria" brasileira
mas nem tudo são rosas, isto so resulta se quem vier estiver interessado mesmo em vir, por exemplo a comunidade indiana em portugal não se adpta bem, tirando algumas excepções, é comum haver indianos que estão cá à anos e não sabem falar português, tal como os chineses que se fecham na sua comunidade e o dinheiro anda lá dentro, este caracter negro da imigração chateia-me, não pela raça ou etnia em sí mas antes pelo propósito de não entrosamento
a primeira "vaga" de brasileiros trouxe muita prostituição e não é raro vermos os primeiros filhos de casamentos caçados...
de qualquer das formas penso que só temos a ganhar se soubermos aproveitar da mesma forma que quem vem so tem a ganhar se souver aproveitar...
a deslocação de pessoas de um país para outro é sempre saudável sobretudo para o país receptor que enriquece muitíssimo ao conviver com culturas diferente da sua. O segundo parágrafo do carlopod, apesar de concordar com ele, é o mundo ideal e quanto a mim utópico. não vai acontecer. o nosso país ganhou imenso com todos os imigrantes que vieram para cá, de uma forma op de outra. por exemplo: é claro que a entrada de brasileiros abriu a mentalidade de muitos portugueses devido à abertura com que eles encaram muitos assuntos. mas, a entrada de brasileiros em MASSA, quanto a mim, é prejudicial. e por muitas razões. é mau para eles e para nós. até porque as estruturas económicas, sociais, culturais e politicas não estão preparadas para receber tamanha quantidade de pessoas assim de repente e que ó podem resultar em grande prejuízo para eles e para nós.
Não sou contra a imigração. mas acho que tudo deve ter a sua conta peso e medida.
Se vários milhares de pombos decidirem instalar a sua casa no D. Maria II é possível que o edifício colapse nos próximos anos.
parece-me que esta questão não pode ser ignorada e é preciso tê-la muito em conta porque vai ser dificil conviver com ela no futuro.
ficar de braços cruzados ou fingir que o problema não existe não me parece ser a solução.
obrigado indigente por essa análise desapaixonada do tema. sempre ajuda a debater de forma mais séria a questão e a compreender o ponto de vista do outro. eu conheço o forest e sei que não ía ter uma atitude activamente anti-imigrantes.
de qualquer modo, eu não me importo nada que eles se fechem em comunidade e até que as mulheres muçulmanas usem burka se lhes apetecer. mas eu admito que sou um radical, acho que cada um deve ser sempre livre de fazer o que quer e até andar nu na rua se tiver calor.
pois, eu já sou contra algumas coisas...
não sou moralista, detesto regras, pressões e apelo sempre à liberdade até de andar nú, mesmo só o possa fazer na praia...
isto dava para uma conversa muito longa...
o que se podia aceitar ou não das outras culturas?
não aceito burcas, nem excisões, nem escravidão, etc, são tudo reflexos profundamente intricados numa cultura imcompativel com a nossa "liberdade"
e agora?
agora é so mesmo paixão e parcialidade e sim, temos que ser parciais, por muito que me custe, temos mesmo que escolher o que se pode ou não fazer...
e muito pragmaticamente se eu quiser mudar de pais vou procurar um pais que me agrade, tanto a nivel economico, social, cultural etc, era para mim inconcebivel ir para um repressivo pais muçulmano...
um amigo meu mora na suiça ele diz que ha um dia qualquer dos islamicos (nao sei bem) que vao todos para as varanads chaçinar cabras, criando riscos graves de saude pública, será aceitável?
na alemanha há uma especie de "dia punk" que saem em bandos e partem tudo o que lhes aparece á frente. será aceitável?
como se regra isto?
ps. bela sintaxe... hã?
pois eu não concordo que se fechem em comunidades. devem conviver com a malta para que se verifique um intercâmbio útil aos dois povos. quanto à burka - cada um deve vestir o que lhe apetecer e ninguém tem nada com isso. se as mulheres muçulmanas não a quiserem usar, então não devem usar. os idiotas dos maridos que as obrigam a usar deviam ser enterrados até à cintura e apedrejados até à morte
há uma linha muito ténue entre o que se quer ou não se quer fazer e o que se pode ou não fazer no que se refere á cultura de um povo...
a excisão é um desses casos
essa questão é uma boa questão indigente. é a velha história das liberdades e das invasões de privacidade. até que ponto podemos aceitar todos os aspectos culturais com que nos confrontamos? uma coisa é certa: apesar de cada vez mais nos confrontarmos com situações extremamente complicadas sob vários pontos de vista, o certo é que dificilmente haverá um consenso para todos os intervenientes. o meu bem estar interfere necessariamente com o teu e vice-versa. agora algumas das questões que se colocam são: quem tem o direito a quê? o que é o direito? quem tem direito ao espaço? o que é o espaço? que perguntas devemos colocar para tentar resolver estas questões?
até porque existe aquela frase "tu estás no meu país tens que te reger pelas minhas regras". esta frase que tu e eu consideramos MUITO MÁ existe e é dita pela maioria das pessoas que coabitam no mesmo espaço que nós.
haverá sempre muitas perguntas sem resposta. acredito que cada vez mais vamos ter que nos envolver com questões relacionadas com esta problemática.
ao longo da minha vida, por uma razão ou por outra, sempre fui descrimidado. quem me conhece sabe que seria ridiculo descriminar alguém por uma qualquer razão, até porque sou suficientemente inteligente para não o fazer. com este post pretendi chamar a atenção para este problema que me parece crescente e simultâneamente suscitar a reflecção. tenho, para mim, consciência que se trata de um GRANDE PROBLEMA sem resposta fácil e muito menos consensual.
Não gosta que o agarrem, benzinho?...oxente, qui pena viu
a principal questão que coloco é ter-se os brasileiros como alvo. por mim, sinto um enorme alívio quando entro num café cuja maioria ou totalidade dos empregados são brasileiros. reduz substancialmente as hipóteses de ser maltratado.
é ao brasil que temos de agradecer, por exemplo, o facto do português ser uma das línguas mais faladas no mundo. se eles não fossem tantos, com o nosso tradicional desprezo pela língua, o português teria os anos contado. acho até peculiar que o português do brasil provoque tanta irritação. deve ser porque não ter tantos anglicismos como o europeu.
além disso, se nós já os invadimos não vejo grande problema em eles nos invadirem agora.
outra curiosidade é o resultados das sondagens em portugal quando se questiona que outro país escolheriamos para viver. mais de 50% responde brasil e cerca de 30% escolhe espanha. dois países que estão nos antípodas da nossa formalidade. o que me parece é que nós gostamos de salero e samba, mas dentro da pátria lusa é bom que não se perca a postura.
os ingleses são uma das maiores comunidades estrangeiras em portugal e lá por eu os achar uma cambada de bêbados arruaceiros não defendo que se imponham regras à sua entrada no país (eles nem estão no espaço schengen).
é claro que me irrita um bocado que alguns brasileiros justifiquem o estado do país com a colonização portuguesa. não concordo, até porque em 500 anos já teriam tido tempo de ultrapassar todos os erros que possam ter sido cometidos. mas é um caso típico de complexo do colonizado e, dentro disso, é compreensível. nem sou dos que acha que tivemos uma colonização exemplar. as estimativas, por baixo, dizem que os portugueses deslocalizaram à força e escravizaram 19 milhões de africanos. comparem com os números do holocausto.
conheci há uns anos uma jornalista brasileira que andava a fazer um periplo pelo país. já no final, dizia-me, que tinha ficado absolutamente impressionada. "o brasil só podia mesmo ter sido colonizado por portugal. o melhor e o pior de portugal é igual ao melhor e ao pior do brasil." (sic)
já conheci brasileiros idiotas e brasileiros extraordinários. mas isso é igual em qualquer parte do mundo. há tanto português que eu gostava de expulsar do país...
o brasil deu-nos ainda o chico buarque que é talvez das pessoas que melhor conhece e domina a nossa língua.
de qualquer forma, pequenos racismos todos temos. eu, por exemplo, tenho uma repulsa primária por italianos. só a língua dá-me volta ao estômago. mas enfim, se eles quiserem vir para cá, que venham. desde que se mantenham quietos e calados...
no caso de portugal temos ainda um complexo, ao contrário do brasil, que é o de ex-império agravado pelo tamanho do país. é algo parecido com o problema inglês, mas eles ainda não tiveram total consciência disso.
as fronteiras têm uma única coisa boa: garantem, à partida, a existência de territórios onde as liberdades individuais são minimamente respeitadas. se neste território tivessemos o mesmo regime do irão, já me teria visto obrigado a mudar de país.
quanto à dialética cultura / regras, deixa de ser cultura tudo o que viole a carta dos direitos humanos e as liberdades individuais. se alguém não gosta das regras, ninguém o obriga cá a viver.
já agora, o que é o boneco "o brasil tem direito de escolher"?
Eu sou pelo respeito...seja aqui seja em que lugar fôr! Enquanto for respeitado o espaço que cada um tem o direito e a sua própria liberdade acho que não há problema algum. No final somos todos diferentes e todos iguais, né?
o boneco diz respeito a uma campanha política brasileira. não conheço o contexto. retirei do google imagens.
Estimados senhores, vai para uns anos largos (1982), perguntei a bons amigos alemães que comigo jantavam, qual a razão de sistematicamente arvorarem um sorriso doce e amigo. Simples, segundo eles, eram estrangeiros e como tal achavam graça a tudo. Segundo eles os portugueses eram um povo engraçado e tonto que justificava o tal sorriso condescendente. Desde essa altura passei a fazer como eles e a tratar qualquer cristão ou outro, português ou não, sempre como um estrangeiro, ou empregada de bar de alterne, ou outra coisa que lhes ocorra, sempre com expressa educação, mas considerando todos abaixo de merda, sub gente enfim. Só teem de experimentar e vão ver que é óptimo. Nunca se esqueçam, que eles só cá estão para nos servir, mesmo que eventualmente até sejam os nossos patrões.
josé manuel, na Ericeira.
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