O mundo da música tem momentos tão especiais que muitas vezes nem se dá por eles. Mesmo quando estamos atentos às novidades, não raras vezes, acontecem coisas que nos escapam completamente e que só mais tarde damos conta de que existem. A brutalidade de discos editados nos dias em que vivemos não nos permitem acompanhar tudo o que acontece. Muitas vezes criamos resistências a sonoridades, vozes, instrumentos e mais recentementes a determinados tipos de máquinas ou conceitos que não nos permitem viver determinado momento. Eu, por exemplo, tive alguma dificuldade em aceitar a música electrónica e a música de dança. Achava que o rock é que era, que nada poderia ser superior e que as novas tendências eram passageiras. Nessa mesma altura ainda vivia nas trevas do conhecimento da vanguarda electrónica dos Kraftwerk, que editaram o primeiro disco ainda eu nem era um espermatozóide.
Hoje sou verdadeiramente fã de música electrónica, de dança e de Kraftwerk em particular. Diria mesmo que o rock é algo de primitivo. Quase nem consigo conceber Sonic Youth e L7 sem um sintetizador. Ou melhor, hoje quando os ouço fico com a sensação de que falta ali algo.
Mas de surpresas se faz o mundo em que vivemos e em especial o mundo da música. Cada vez mais surgem artistas e sonoridades capazes de nos surpreender. De onde menos se espera, surge a novidade. Quem diria há uns anos atrás que a Madonna ainda teria o sucesso que veio a ter? Pois é, gostemos ou não há artistas que vieram para ficar.
Björk é um desses casos. Os primeiros albuns foram algo inesperado. Os Sugarbabes ficaram para trás e em 1993 surge a solo com Debut. Original, único em todos os sentidos e uma entrada directa para a história da música. A música There's More To Life Than This é algo de extraordinário. Mas também não deixam de o ser violently happy ou play dead. Eu, que sou um fã, considero estas músicas absolutamente geniais. Depois vieram albuns como Post (1995), Homogenic (1997), Vespertine (2001) e Medulla (2004) com músicas tão boas quanto originais em que Army of me; It`s, oh, so quiet; Isobel, Possibly Maybe entre muitas outras nos fazem viajar para outro niverso. Um universo único, pleno de originalidade. Os videos são de referência. Há uma tentativa de inovar. De primar pelo novo. Pelo que ainda não foi feito. Talvez esta ansiosa busca tenha sido uma das responsáveis pela sua ligação a Matthew Barney. Outro out sider que busca um lugar ao sol, sendo certo que no mundo da arte já tenha o seu lugar garantido.
Björk muitas vezes me impressionou. Uma dessas vezes foi quando o canal de televisão MTV a convidou para realizar um unplugged. Convidou 40 músicos de World Music para um momento absolutamente único para a história do canal. Das inúmeras parcerias que teve gostaria de destacar a que teve com PJ Harvey - a cantar Rolling Stones -, com Skin e mais recentemente com Antony.
Volta, o último albúm, não desilude. É ela. Apesar de não apresentar grandes inovações sonoras, o que de certa forma me desagrada, tem a voz desse homem maravilhoso que é Antony. Ainda estou a ouvi-lo mas certo de que continuarei fã desta criatura que veio do gelo.
Carlopod, não consegui ver o teu anterior post até ao fim. Senti-me na obrigação de lançar este desabafo.
11.5.07
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5 comentários:
olha, eu consegui ler o teu post até ao fim.
e gostei muito. gosto muito dos teus desabafos.
não seja cínico. lol
na verdade a björk (como pessoa) também tem algumas coisas de que não gosto mesmo nada. a busca, quase doentia, por originalidade resulta muitas vezes em situações ridículas. estou-me a lembrar, por exemplo, daquela vez em que ela se apresentou em público com um vestido que era um cisne. achei ridiculo. outras vezes acho que tem uma pontinha de pretensão a mais que era perfeitamente desnecessária.
Mas, meu amigo. apesar de compreender que é muito fácil de não se gostar dela, para mim ela é original, genial e tem uma voz que me faz vibrar.
amigo, eu já gostei muito da bjork.
fiquei farto, acontece a muito boa gente. mas não lhe tiro valor. pode ser que goste deste disco outra vez, ainda não ouvi.
não é nada de especial. gosto de duas ou três.
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