30.3.07

Ódios de estimação

«Pensar e levar a pensar é coisa que não se aprende nos cursos técnicos; só nos cursos que têm que ver com a pessoa humana».

«Só lhe posso responder no próximo ano. Eu comprometi-me, perante diversos órgão de comunicação social, de que só falaria sobre a Expo depois de passados dez anos. Passaram nove».

«O acesso ao computador, ao telemóvel e outros meios tecnológicos não é incompatível com a cultura. Estes meios devem ser postos ao serviço de uma visão da vida que tem de ser essencialmente ética, responsável e humanista».

«Não convém que seja tudo para a ciência. Senão, estamos a criar pequenos monstros».

(contando uma história em que foram buscar para director de marketing um licenciado em filosofia) «Os licenciados em marketing são bons para executar mas os licenciados em filosofia são bons para pensar. E o que se espera de um director de marketing não é que execute, mas que tenha ideias. Esta é uma imagem fortíssima».

«O saber lidar com pessoas é mais importante do que saber em que sítio é que determinada porca atarracha. Isso é para quem executa. Para gerir, para pensar, é preciso outro tipo de formação».

«Tem de haver uma elite».



António Mega Ferreira

Estas são declarações do meu querido amigo de longa data António Mega Ferreira ao suplemento "Life" do Diário de Notícias desta semana. Assim que li, telefonei-lhe logo a cumprimentá-lo pela extraordinária jactância que mais uma vez revelou e também pela forma diletante como sempre exerceu as suas funções de gestor cultural, encarando-as como uma arte e não como uma obrigação. Foi uma conversa interessantíssima, entre dois intelectuais, onde aproveitámos para dissertar mais um pouco sobre a superioridade dos humanistas, os que pensam, sobre os técnicos, os que executam, os que não pensam. Concordei com ele: tem de haver uma elite! E confessei-lhe logo: é um orgulho ver-te, António, a pensar. Foi sem presunção que ele me respondeu que é essa a sua missão na vida.

É também porque é um humanista que o meu querido António Mega Ferreira sempre foi um gestor como os outros mas, ao contrário dos outros, é um gestor que pensa.

É porque é um humanista que, por exemplo, quando Carlos Cruz, Pedroso e os outros foram apanhados no caso Casa Pia, ele, a quem felizmente nunca caíu um azar em cima, foi dos primeiros a ir para a televisão mostrar-se "indignado" e "horrorizado" com o assunto.

E é porque é um humanista que este "regretté" diz que se na altura soubesse o que sabe hoje não tinha aceite ir para o CCB mas, sabendo hoje o que sabe continua lá porque devemos levar os mandatos até ao fim. E eu aplaudo! A não ser, claro, que entretanto vague o lugarzinho na Câmara de Lisboa e aí já acho, naturalmente, que ele deve abandonar o mandato no CCB.

Orgulho-me de ser teu amigo, António. Um grande abraço para ti. E, já agora, outro para os boys ;-).

2 comentários:

allaboutheforest disse...

a tua capacidade de análise continua ímpar. de facto este imbecil só sabe falar. até parece que fez uma grande coisa na expo para agora termos que o aturar também no ccb. Mas também, e em boa verdade, o ccb pouco mais vai ter que gerir para além de uns concertozecos para uma pequena elite.

Unknown disse...

eu acho absolutamente natural a existência de elites. o mega ferreira só se engana quando pensa que ele próprio pertence a essa elite.