16.3.07

Sinal de Alarme Publica em (Quase) Exclusivo Poema (Gay) Inédito de Pessoa.

Escrevo à tua memória, amor, sem teres morrido,
E à memória desse amor, em nós nunca sabido.
Éramos rapazes, tu eras mais novo e eu o maior.
Tivéssemos sabido amar e ternos-íamos amado.
Tivéssemos descoberto o caminho do amor e teríamos achado
Seus prazeres, mas, jovens então, era de irmãos nosso amor.
Contudo, se te encontrasse hoje, talvez tudo fosse igual.
Tenho vergonha agora de ser o que não sabia outrora.
Talvez fosse melhor tal como foi — pois a chama virginal
Do amor não levou nossos sentidos ao fogo pleno e pior.
Lembro-te muito e a alma suspira tristemente em mim.
Recordas-me também algumas vezes e sentes algo assim?
Hoje sei que teria sido melhor termo-nos amado,
Hoje sei isso, mas não quero pensar demasiado.
Eras atraente e belo; eu não: apenas amava.
Cava-se mais em mim a marca desta doença antiga
Que só os gregos, porque eram belos, tornaram bela.

No jornal Público de hoje. Tradução de Luísa Freire. Vai sair na colecção orquestrada pelo Richard Zenith.

5 comentários:

carlopod disse...

explica lá isso melhor... foi descoberto um manuscrito? traduzido de onde, do inglês?

Anónimo disse...

poema manuscrito, nao datado, mas datável de 1916 segundo o ricky zenith, a ser publicado no 6. vol. (Poemas Ingleses) da série Obra Essencial de FP.

in publico.

carlopod disse...

diz tudo. maravilha!

Anónimo disse...

tenho para mim que a publicitação deste poema é uma manobra para levar o nicho gay a votar em peso no FP para os Grandes Pts! tou farto destas manipulacoes!

Anónimo disse...

Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade