Escrevo à tua memória, amor, sem teres morrido,
E à memória desse amor, em nós nunca sabido.
Éramos rapazes, tu eras mais novo e eu o maior.
Tivéssemos sabido amar e ternos-íamos amado.
Tivéssemos descoberto o caminho do amor e teríamos achado
Seus prazeres, mas, jovens então, era de irmãos nosso amor.
Contudo, se te encontrasse hoje, talvez tudo fosse igual.
Tenho vergonha agora de ser o que não sabia outrora.
Talvez fosse melhor tal como foi — pois a chama virginal
Do amor não levou nossos sentidos ao fogo pleno e pior.
Lembro-te muito e a alma suspira tristemente em mim.
Recordas-me também algumas vezes e sentes algo assim?
Hoje sei que teria sido melhor termo-nos amado,
Hoje sei isso, mas não quero pensar demasiado.
Eras atraente e belo; eu não: apenas amava.
Cava-se mais em mim a marca desta doença antiga
Que só os gregos, porque eram belos, tornaram bela.
No jornal Público de hoje. Tradução de Luísa Freire. Vai sair na colecção orquestrada pelo Richard Zenith.
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5 comentários:
explica lá isso melhor... foi descoberto um manuscrito? traduzido de onde, do inglês?
poema manuscrito, nao datado, mas datável de 1916 segundo o ricky zenith, a ser publicado no 6. vol. (Poemas Ingleses) da série Obra Essencial de FP.
in publico.
diz tudo. maravilha!
tenho para mim que a publicitação deste poema é uma manobra para levar o nicho gay a votar em peso no FP para os Grandes Pts! tou farto destas manipulacoes!
Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade
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